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Crônicas e Agudas por Walmar Brêda

Walmar Coelho Breda Junior é formado em odontologia pela Ufal, mas também é um observador atento do cotidiano. Em 2015 lançou o livro "Crônicas e Agudas" onde pôde registrar suas impressões sobre o mundo sob um olhar bem-humorado, sagaz e original. No blog do mesmo nome é possível conferir sua verve de escritor e sua visão interessante sobre o cotidiano.

Todas as postagens são de inteira responsabilidade do blogueiro.

Bicicleta

Em recente viagem pela belíssima cidade do Rio de Janeiro, percorri boa parte da sua maravilhosa orla de bicicleta, onde pude conhecer bem mais do que conhecia e numa perspectiva completamente nova. Esse excelente meio de transporte nos permite explorar e interagir muito mais que qualquer outro -até mesmo que nossos próprios pés, já  que à pé não conseguimos  ir  tão longe e em tão pouco tempo.

  Como eu  não era doido de levar minha própria bike na mala do avião  para passear no calçadão carioca, lógico que utilizei o excelente serviço de aluguel  de bicicletas disponível em praticamente toda extensão da orla -as bicicletas laranjas do Itaú são confortáveis e robustas e servem  perfeitamente para esse objetivo. Destrate , a população abraçou completamente esse prático serviço, que é  utilizado não só por turistas, mas também pelos cariocas que tem as bikes como meio de transportes, seja frequente ou habitual.
  Porém onde eu desejo chegar,  é que este é mais um daquele casos onde a tecnologia,  criatividade e empreendedorismo do setor privado, faz com que as pessoas mudem certos paradigmas e, no final, acabem preferindo um modelo que até então resistia em aceitá-lo.
 Pois é, aos poucos as bicicletas do carioca vão deixando de ser um bem e vão se tornando um serviço.Comprar uma bicicleta na loja passa a ser uma decisão que envolve outros desejos e objetivos -algo bem mais subjetivo, eu diria. Então boa parte das pessoas  preferem gastar um determinado valor por mês e quando precisar, aluga a sua e a larga logo em seguida ao fim da sua corrida.  Não tem preocupação com cadeado, manutenção, nem onde guardá-la em casa.
Já venho batendo nessa tecla que, em breve,  isso  deverá se estender aos carros também -inclusive existem algumas cidades europeias que já adotam esse sistema, ainda que de forma incipiente.  Considero que esse será um dos  grandes passos da humanidade, quando  todos deixarão de ver o carro como um bem, em que envolve, muitas vezes, vaidade, sonho, desejo e realização pessoal.
Porém,  é sabido que há muito tempo os carros não são vistos mais  como um investimento, tamanha desvalorização dos usados, bem como os altos custos com manutenção e impostos -embora todos precisemos  ter o nosso, sobretudo por praticidade e conforto.  Mas, se houver corriqueiramente o serviço de alugarmos um automóvel   por apenas algumas horas e  de forma rápida, prática e não tão onerosa, muita gente vai preferir usar os carros como serviço em vez de ter o seu próprio. Imagine o impacto disso para o bolso e o dia a dia do cidadão: carros menores e mais econômicos, sem custos com impostos, seguros, manutenção e vagas de garagem -aliás, as garagens poderiam  tornar-se mais um cômodo “humano” da casa, por assim dizer.  Mas, para isso ainda  teremos que acertar várias pontas soltas, ajustando esse serviço aos caprichos e vícios do bicho homem.
  Para finalizar, volto à minha viagem ao Rio e aos meus passeios de bike laranja, onde cruzava com várias outras iguais, cada uma sendo conduzida por uma pessoa com  destinos, roupas, etnias e condições  sociais totalmente  diferentes, mas com as mesmíssimas bicicletas -sem luxo, nem ostentação. Então cheguei à conclusão que, é mais um caso onde instala-se princípios socialistas, mas não pelas vias e forças do Estado, mas pelas más intenções e ótimos resultados do capitalismo.

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