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Crônicas e Agudas por Walmar Brêda

Walmar Coelho Breda Junior é formado em odontologia pela Ufal, mas também é um observador atento do cotidiano. Em 2015 lançou o livro "Crônicas e Agudas" onde pôde registrar suas impressões sobre o mundo sob um olhar bem-humorado, sagaz e original. No blog do mesmo nome é possível conferir sua verve de escritor e sua visão interessante sobre o cotidiano.

Todas as postagens são de inteira responsabilidade do blogueiro.

Brasil, sil,sil !!!

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Estamos a poucos dias de mais uma Copa do Mundo e muita gente anda comentando comigo o quanto estamos todos meio indiferentes e sem aquela catarse costumeira de torcedor brasileiro, com bandeirinhas nos carros, ruas pintadas e camisas verdes e amarelas pelas ruas. Muitos atribuem o motivo à pouca relevância do futebol em relação a temas bem mais importantes, como a nossa política putrefata, a crise econômica e moral, a violência exacerbada e todo rol de mazelas que nos acometem e que parecem só piorar a cada ano.
Então vamos comemorar o que? Onze jovens milionários correndo atrás de uma bola sob a administração de uma entidade extremamente corrupta como a CBF? Então ,finalmente, o brasileiro acordou, se não para reivindicar e promover mudanças, mas ao menos para não se vestir de verde e amarelo com nariz de palhaço?
Tornamo-nos, portanto, um país mau humorado e não vamos nos embriagar no clima ufanista que nos seduz de 4 em 4 anos? Caso seja essa a resposta mais sensata, fará todo sentido, mas…
Realmente a Copa do Mundo hoje não tem o mesmo significado de outrora, onde nós, vira-latas brasileiros, enfrentávamos gringos fortes e desconhecidos lá do outro lado do mundo. Hoje todos os jogadores se conhecem e muitos são até amigos e quase não há surpresas nem rivalidades exacerbadas – hoje, o  futebol, assim como quase tudo, também tornou-se globalizado.
Todavia, eu proponho uma visão mais positiva desse momento.  Será que faz sentido nos fecharmos taciturnos em  protesto justamente na única coisa que realmente nos enche de orgulho ultimamente? A Seleção Brasileira de Futebol, apesar do histórico 7×1, continua sendo respeitada e admirada pelos outros países  e chega a essa copa voando como uma das grandes favoritas à sua conquista. Acreditem, isso não é pouco.
Além disso, podemos enxergar  essa seleção e seus jogadores de uma maneira bem mais auspiciosa, afinal convém  lembrarmos que seus 23 atletas são o resultado positivo de esforços  pessoais e familiares de jovens geralmente pobres, que abdicaram de muita coisa, enfrentaram muitas adversidades, superaram frustrações e dores, e hoje colhem os frutos por mérito e talento próprios. Isso deveria ser celebrado sempre, independentemente do clube ou estado de origem. Celebremos, pois,  o Brasil que dá certo, que prospera, que realiza sonhos, distribui riquezas, gera bons exemplos e é ovacionado por milhões de torcedores daqui e de outros países. Como ficar indiferente a isso, meu Deus?
Ouço as notícias da mídia estrangeira a elogiar a Seleção Brasileira e penso, sim, vou torcer por essa seleção. Sinto-me finalmente orgulhoso de um símbolo nacional que estampa alegria e eficiência nas capas dos jornais estrangeiros, exercendo um soft power importante em meio a tantas notícias horrorosas que nos matam de vergonha, sobretudo na política e na segurança pública.
É a minha trégua por um mês ao me permitir só falar das bobagens futebolistas e esquecer temporariamente o preço da gasolina, a alta do dólar e a operação lava jato – até porque, logo em seguida,  começa o espetáculo grotesco, porém bem mais importante, de uma disputa muito mais relevante para a nossas vidas, do qual, ao final, todos nós sempre sairemos derrotados: as eleições.
-Vamos lá, Brasil sil sil!!!!

 

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