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Crônicas e Agudas por Walmar Brêda

Walmar Coelho Breda Junior é formado em odontologia pela Ufal, mas também é um observador atento do cotidiano. Em 2015 lançou o livro "Crônicas e Agudas" onde pôde registrar suas impressões sobre o mundo sob um olhar bem-humorado, sagaz e original. No blog do mesmo nome é possível conferir sua verve de escritor e sua visão interessante sobre o cotidiano.

Todas as postagens são de inteira responsabilidade do blogueiro.

É possível meditar sentado num formigueiro?

É possível meditar sentado num formigueiro?

Umas das maneiras mais eficazes de encontrar a dita “paz interior” é através da meditação. Não é fácil, sabemos disso — trata-se de uma técnica milenar que deve ser exercitada para que seus benefícios sejam  percebidos gradativamente, assim como qualquer outra. Na meditação, buscamos através da respiração e do silêncio dos pensamentos, nos voltar a nós mesmos e assim chegarmos a  um estado onde o agora é o bastante e sentindo uma almejada serenidade e plenitude.
Pareceu exagerado? Talvez. Eu mesmo nunca percebi tais benefícios, salvo pequenos lampejos por breves minutos. Mas, os relatos daqueles que encontram-se num estágio mais avançado falam por si. Sim, nada como ensimesmar-se  para que o mundo nos afete o mínimo possível.
Entretanto volto à pergunta do início de texto: é possível meditar em cima de um formigueiro? Como sentar  num belo gramado e preparar o corpo e a mente para uma experiência de relaxamento e serenidade estando sobre um baita formigueiro?
Neste momento, tenho tentado levar uma vida alheio ao show de horrores da política, ao terror transmitido em tempo real da guerra, ao excesso de informações que nos chegam dos quatro cantos do planeta, para concentrar-me em meu microuniverso: família, amigos, trabalho, lazer, saúde, músicas, filmes, livros e o quintal de casa —ressalto que não é uma decisão egoísta ou alienada, mas sim de higiene mental e emocional. São muitas, muitas formigas que nos fustigam, picando incessantemente o nosso traseiro e nos trazendo de volta à realidade, não pelo amor, mas pela dor. As informações nos picam com seus ferrões afiados  e nos provocam dor, prurido e revolta —bastante até.
Então a resposta à pergunta é: não, não é possível meditar em cima de um formigueiro. Não tem como ignorar tantas mazelas adentrando em nossa mente através dos nossos olhos e ouvidos e permanecer calmo e, vá lá, feliz.
Então não custa nada antes de nos sentarmos na posição de “flor de lótus”, colocarmos um providencial tapete espesso o suficiente para mantermos as benditas formigas bem longe de nós, para que possamos permanecer serenos, relaxados e imersos em nosso microuniverso. Ou como diria o sábio: “o mundão lá fora deve ser consumido e absorvido com providencial moderação”.

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