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Crônicas e Agudas por Walmar Brêda

Walmar Coelho Breda Junior é formado em odontologia pela Ufal, mas também é um observador atento do cotidiano. Em 2015 lançou o livro "Crônicas e Agudas" onde pôde registrar suas impressões sobre o mundo sob um olhar bem-humorado, sagaz e original. No blog do mesmo nome é possível conferir sua verve de escritor e sua visão interessante sobre o cotidiano.

Todas as postagens são de inteira responsabilidade do blogueiro.

O sapo fervido

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Sapo fervido
Há pouco tempo ouvi sobre uma teoria de nome esdrúxulo cujo significado vocês irão entender. Trata-se da “Teoria do Sapo na Água Fervente” . Segundo essa teoria (eu mesmo nunca testei, nem pretendo…) se um sapo é colocado numa panela cheia de água fervente, ele pulará para fora imediatamente assim que sentir sua pele queimando com a altíssima temperatura. Porém, se pusermos o infeliz sapo numa panela com a água numa temperatura agradável , ele ficará lá boiando de papo para cima e feliz. Então acendemos o fogo e a temperatura vai subindo aos poucos e o senhor sapo vai se adaptando numa boa -até que finalmente a temperatura faz ferver a água e também o pobre anfíbio, que morre cozinhado sem perceber.
Fiquei pensando como a maioria de nós muitas vezes age como o pobre sapo em nossas vidas. Vamos nos adaptando a certas situações potencialmente nefastas sem nos darmos conta ou sem querermos enxergar que aquela adaptação gradual, fatalmente nos causará um dano muitas vezes irreversível.
Devemos, portanto, estar sempre atentos às pequenas nuances e indícios ainda que no início. São aqueles quilinhos que ganhamos aos poucos, aquela fatura do cartão que sempre aumenta todo mês, aquela pequena grosseria do namorado à qual vamos tolerando e compreendendo, aquelas pequenas atitudes incorretas e mentiras do dia a dia às quais vamos nos acostumando, aquele porre sem controle que vai se repetindo constantemente, a saúde que vai nos faltando aos poucos e vamos adiando a ida ao médico, a leve tristeza que pode levar a um quadro depressivo, a pressão e insatisfação no trabalho ou no relacionamento , o afastamento lento e progressivo daqueles que amamos ou deveríamos amar, a tolerância com certas posturas políticas e as pequenas negligências diárias com coisas, pessoas e até mesmo conosco. Vamos fazendo apenas o mais fácil -nos adaptando à agua que vai esquentando aos poucos, deixando-nos relaxados e acomodados.
A fervura nos chega sem avisar. Não existe um aviso sonoro ou luminoso quando da chegada do ponto exato onde ainda é possível que nós, sapos, saltemos com nossas últimas forças para fora da panela.
Se a capacidade de adaptação térmica do sapo o leva à morte, não precisamos incorrer no mesmo erro fatal. Devemos confiar na nossa intuição e desconfiar daquelas pequenas evidências -como por exemplo um cheirinho de sapo fervendo.

 

 


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