Crônica

Barriga de nordestino

Bucho, bochecha, buchudo e buchada; sexta-feira na beira da lagoa a pedida é uma camarãozada, uma gamela de siri-mole ou a tradicional peixada. A buchada, entretanto, é menu que ronda por todas as redondezas deste torrão caeté, e só é boa quando preparada de um dia pro outro.

Adivinhando chuva

No canto da calçada molhada, repentinamente apareceu um saltitante filhote de sapo que seguia com o vigor de um ser ainda no primeiro estágio da vida, como se fosse um pré-adolescente do mundo dos anfíbios. Sozinho, ele passava num destino incerto cumprindo sua missão de existir, na cadeia natural onde todas as espécies têm seu papel fundamental no equilíbrio ambiental.

Carnaval é a pedida

No que pese Maceió ser um roteiro escolhido pelos turistas para um período de descanso, nossas previas carnavalescas conseguiram fazer de nossa cidade também um lugar de curtição momesca da melhor qualidade.

Carlos Nealdo dos Santos

Caindo no Real

Ao longo da minha vida de repórter, não sei bem quantas greves tive que cobrir pelo jornal em que trabalho. Professores, policiais civis, médicos etc. Em sua essência, todos – até o etc – buscavam condições dignas de vida, que quer dizer basicamente melhoria salarial. Hoje me encontro do lado de lá da notícia (quer dizer, não me encontro em lugar nenhum, uma vez que o jornal está em greve, portanto não há notícia).

100 anos de frevo em Pernambuco

Descendo a ladeira de Olinda, lá vai aquele ancião todo melado de farinha, com suas roupas coloridas, gastas, na mão uma garrafa de cachaça e cantando: “Mande embora essa tristeza, mande, por favor...”

Um ano mais leviano

Se você descobriu que é daqueles que faz aos outros o que não queria que lhes fizessem, você descobriu que é um mau caráter – personalidade muito comum nos nossos dias.

Carlos Nealdo

O pobre mundo do dinheiro

Passei anos até descobrir o verdadeiro sentido da expressão “tempo é dinheiro”. E só entendi o real significado dela quando percebi que andava sem tempo e – conseqüentemente – sem grana.

Natal dos pobres

Quem dá conta das coisas do barraco e da prole é mesmo a mulher. É ela quem sente o embrulho do estômago vazio e sai à rua pra ver se acha alguma ajuda, a bater na porta de um e de outro.

Deu no New York Time

A novidade me pegou de surpresa; à publicação de uma crônica minha nos EUA na página de opinião do jornal mais lido do mundo – o Time. Como isso aconteceu?

Maluco beleza

Rotular alguém de maluco é a arma dos fracos para eliminar o concorrente inteligente; é um defeito hereditário da humanidade – que é desumana. É um

O povo

Veja só o que fizeram já a um bom tempo com a Rua do Comércio: aquele terminal de ônibus e o amontoado de gente nas calçadas intransitáveis.

Senhor assaltante

Prezado senhor: venho por meio desta comunicar-lhe que já fui assaltada três vezes esse ano; rogo-lhe clemência para que não seja mais assaltada pelo

Dona Amélia Acioly

A dor pela perda de um filho é insuperável; ainda que o tempo ajude a disfarçá-la, o sofrimento fica contido e aflora à mínima lembrança.