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Pay-per-view, Petraglia e Cirino: extracampo acirra rivalidade Atlético-PR x Flamengo

GILVAN DE SOUZA/FLA IMAGEM

Guerrero no Flamengo (Foto: GILVAN DE SOUZA/FLA IMAGEM)

Atlético-PR e Flamengo não é apenas um jogo.

O confronto desta quarta-feira, às 21h45 (de Brasília), na Arena da Baixada, não põe em disputa somente uma das vagas no grupo 4 da Libertadores. Ele é carregado por uma ‘rixa’ extracampo que se acirrou em diversas frentes ao longo dos últimos meses e teve peso decisivo para que a rivalidade entre os clubes crescesse e hoje afastasse seus cartolas nas principais discussões do futebol brasileiro.

Eles convergem basicamente em um sentido: na ‘repulsa’ ao presidente do Vasco, Eurico Miranda.

O cruzmaltino foi responsável pela proposta de veto à grama sintética no Brasileiro em conselho técnico da CBF e goza de prestígio na federação carioca. A medida aliada à probição da venda de mandos fez com que as duas diretorias sinalizassem uma ‘bandeira branca’ recente.

Não tem sido essa a tônica da relação, no entanto.

O Atlético-PR foi o ‘pesadelo’ do Flamengo no último mercado.

Na última janela de transferências, o presidente do Conselho Deliberativo do rubro-negro paranaense, Mario Celso Petraglia, tirou o diretor executivo dos cariocas, Rodrigo Caetano, do sério por diversas vezes.

Petraglia fez a negociação para a saída de Marcelo Cirino do Fla e seu salário de R$ 120 mil se arrastarem por mais de três meses. Bateu o pé, viu o atleta devolver apartamento no Rio de Janeiro e viajar até Curitiba para convencê-lo até que conseguiu nesta semana uma compensação por seu empréstimo ao Inter.

Brecou também a ida de Marcos Guilherme, pedido pelo técnico Zé Ricardo, para o Ninho do Urubu, e quase transformou em novela a renovação do lateral direito Léo.

No centro do conflito, a distância entre as suas cotas de TV.

Em 2016, conforme balanços financeiros, o Flamengo recebeu R$ 297 milhões – considerando R$ 100 milhões de luvas em novo acordo com a Globo, dentre os quais, R$ 70 milhões já pagos. O Atlético-PR, por sua vez, faturou R$ 93 milhões – incluindo R$ 40 milhões de luvas em contrato assinado com o Esporte Interativo.

“A TV é fundamental. O PPV, no direito no Brasil, ainda é dos dois clubes, do mandante e do visitante. Na Europa, é só do mandante. Cada jogo do Flamengo lá, conosco, eles ganham R$ 3,2 milhões por jogo, e nós, R$ 150 mil. Quando é na nossa casa, a mesma coisa. Na mesma competição, concorrendo com a gente, é uma injustiça”, discursou Petraglia em reunião recente do Conselho Deliberativo atleticano.

Ele se nega a assinar qualquer acordo com a Globo a partir de 2019 na TV aberta sem resolver o pay-per-view.

“Temos que ganhar mais do que os outros times, simplesmente porque merecemos ganhar”, disse o vice-presidente de finanças do Flamengo, Cláudio Pracownik, em análise das contas do clube. “O Flamengo é um trem pagador do futebol brasileiro, dá dinheiro para todos, porque é grande. Então nosso lugar é um lugar de merecimento”, completou.

As rusgas se acentuaram especialmente em 2016.

Provocou constrangimento no Fla a indicação de Petraglia em eleição a presidente da Primeira Liga pelo ex-CEO da entidade, Alexandre Kalil.

Na ocasião, surpreso e em solidariedade ao então mandatário, Gilvan de Pinho Tavares, do Cruzeiro, o clube votou contra ao lado do Fluminense, mas acabou sendo derrotado. No fim, com divergências no rateio do contrato de 2017 a 2019 com a Globo, o próprio Atlético-PR e o Coritiba se retiraram do campeonato.

Hoje, a interlocutores, se referem à competição como ‘Ninguém liga’.

A convivência ruim dentro da Primeira Liga fez, inclusive, com que Flamengo e outros 11 clubes ‘barrassem’ Petraglia e o Atlético-PR do esboço da Liga Sul-Americana que se desenhou, sem sucesso, para fazer frente à Conmebol.

Nenhum dos personagens centrais desse roteiro estará em campo logo mais na Arena da Baixada.

O resultado ao fim dos noventa minutos será intensamente comemorado por eles, no entanto.