Cultura

Alagoano Cacá Diegues é eleito imortal da Academia Brasileira de Letras

Fernando Frazão/Agência Brasil/Agência Brasil

O cineasta Cacá Diegues é eleito para a cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras.

O cineasta Cacá Diegues, de 78 anos, foi eleito nesta quinta-feira (30) como o novo ocupante da Cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras (ABL). O mais novo imortal concorreu com 11 candidatos e recebeu 22 votos dos 24 acadêmicos presentes, 11 por cartas, e três não votaram por motivo de saúde.

​Dos 35 votos que definiram a disputa pela Cadeira 7, o segundo colocado foi Pedro Corrêa do Lago, colecionador de manuscritos e pesquisador, com 11 votos e a escritora mineira e negra Conceição Evaristo recebeu 1 voto.

Evaristo foi destaque na internet com a hashtag #ConceicaoEvaristoNaABL, que chegou a ser um dos assuntos mais comentados no Twitter no Rio de Janeiro nesta quinta.

O contemplado com a Cadeira 7 da Academia é autor de mais de 20 filmes e ganhador de vários prêmios, o alagoano radicado no Rio, Carlos José Fontes Diegues ocupará o lugar do também cineasta Nelson Pereira dos Santos, que morreu em abril deste ano. Os dois eram amigos e, juntos, fizeram parte do movimento conhecido como Cinema Novo.

Antes deles, a Cadeira 7 já pertenceu a nomes como o do escritor Euclides da Cunha e do fundador da ABL Valentim Magalhães – que escolheu como patrono Castro Alves. Outros ocupantes: Euclides da Cunha, Afrânio Peixoto, Afonso Pena Júnior, Hermes Lima, Pontes de Miranda, Dinah Silveira de Queiroz e Sergio Corrêa da Costa.

O presidente da ABL, escritor Marco Lucchesi, qualificou Cacá como um cineasta de olhar refinado para retratar as diferentes realidades brasileiras.

“A Academia celebra a presença de Cacá Diegues em seus quadros. Um dos mais premiados cineastas brasileiros, cuja obra lança um olhar profundo e generoso sobre nosso país. Crítico refinado, diretor reconhecido além fronteiras. Sua entrada é uma homenagem ao saudoso Nelson Pereira dos Santos, de quem foi amigo, através das novas lentes que ambos construíram para ver mais longe a nossa realidade”, afirmou.

Vida e obra
Ao longo da carreira de cineasta, Diegues fez mais de 20 filmes de longa-metragem. Entre os mais premiados estão Xica da Silva” (1976), “Bye Bye Brasil” (1980), “Veja esta canção” (1994) e “Tieta do Agreste” (1995).

Também são filmes dele: “Ganga Zumba” (1964), “Os herdeiros” (1969), “Joanna Francesa” (1973), “Chuvas de verão” (1978), “Quilombo” (1984), “Um trem para as estrelas” (1987), “Orfeu” (1999), “Deus é brasileiro” (2003), “O maior amor do mundo” (2005) e “O grande circo místico” (2018), inspirado na obra do poeta Jorge de Lima.

Em 2012, foi o homenageado do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, em premiação no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Diegues também já foi enredo da escola de samba Inocentes de Belford Roxo, da Série A do carnaval do Rio, em 2016. O enredo era “Cacá Diegues – Retratos de um brasil em cena”.

Além dos filmes, Cacá também se dedicou aos livros e publicou “Ideias e Imagens”, em 1988; e “Vida de Cinema”, com mais de 600 páginas sobre o Cinema Novo; e “Todo Domingo”, uma coletânea de textos publicados por ele semanalmente no jornal O Globo, entre outras obras.

Cacá Diegues tem três filhos: Isabel e Francisco, do seu casamento com a cantora Nara Leão – de quem se separou na década de 1970, anos antes da artista morrer; e Flora, fruto do casamento com a produtora de cinema Renata Almeida Magalhães, com quem vive desde 1981.

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