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Marinha da Argentina diz que submarino ARA San Juan ‘implodiu’ no fundo do mar

Globo News

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A Marinha da Argentina informou neste sábado (17) que o submarino ARA San Juan, que sumiu há 1 ano com 44 tripulantes, foi encontrado a 907 metros de profundidade em uma área de “visibilidade bastante reduzida”, e que a embarcação sofreu uma “implosão” no fundo das águas do Oceano Atlântico.

Segundo Enrique Balbi, porta-voz da Marinha, a proa, a popa e a vela se desprenderam do submarino e estão localizadas em uma área de 80 a 100 metros. “Isso sugere que a implosão tenha ocorrido muito perto do fundo”, disse.

Segundo a Marinha, as imagens mostram que o casco do submarino permaneceu bastante intacto, apenas com algumas deformações, e que todas as outras partes se desprenderam. A implosão teria ocorrido em razão da pressão externa do mar ter superado a de dentro do submarino.

O anúncio do fim do mistério sobre o paradeiro do submarino foi feito na madrugada. Pouco depois das 2h local (3h, em Brasília), o Ministério de Defesa e a Marinha informaram que a companhia americana Ocean Infinity encontrou a embarcação em uma região de cânions (espécie de rios submarinos), a 600 km da cidade de Comodoro Rivadavia. O local é o mesmo onde há um ano foi identificada uma “anomalia hidroacústica” semelhante a uma explosão.

A Marinha explicou que o último contato com o submarino foi registrado 8h30 de 15 de novembro do ano passado, e que a explosão foi registrada às 10h51 do mesmo dia.

Operação de resgate ainda sem data

Ainda não há previsão de início dos trabalhos de resgate. Segundo o Ministro da Defesa, Oscar Aguad, a Marinha argentina não tem equipamentos nem tecnologia para resgatar o submarino nesta profundidade.

“Não temos meios para resgatar o submarino”, destacou. “Também não temos ROV (veículos de inspeção remota) para descer nessa profundidade. Nem temos equipamento para extrair uma embarcação com essas características”, acrescentou o ministro.

De acordo com o ministro, uma junta formada por três almirantes que vêm estudando as causas ao longo do ano vai divulgar um informe na próxima semana com informações “mais completas” do acidente. “Este informe pode revelar alguns segredos”, declarou.

Segundo a Marinha, há também um limite legal para começarem os trabalhos de resgate. “A partir de agora, a juíza que esta na causa que pode determinar em que momento que podemos remover as partes do submarino”, disse o almirante Jose Villán.

As autoridades estão focadas, segundo ordem presidencial, a investigar as causas do acidente nesse momento e não vão se concentrar na extração dos corpos, de acordo com o ministro. “ A extração vai depender da tecnologia, mas vemos como muito difícil. O governo vai decretar luto nacional”.

A empresa norte-americana Ocean Infinity, contratada pelo governo argentino, encontrou o submarino por meio de observação feita com um veículo submarino operado remotamente com câmeras subaquáticas. A equipe ainda rastreia e investiga a área com um veículo operado por controle remoto. A companhia deverá receber US$ 7,5 milhões pelo trabalho.

Desaparecimento há 1 ano

O ARA San Juan desapareceu em 15 de novembro de 2017, quando voltava do porto de Ushuaia, onde realizou exercícios militares, para a base naval de Mar del Plata.

Horas antes, o comandante havia alertado de uma falha provocada pela entrada de água por um duto de ventilação que vazou no compartimento das baterias elétricas e produziu um princípio de incêndio.

Embora a Marinha argentina tenha garantido em várias ocasiões que essa falha foi “corrigida” e que o San Juan continuou navegando para Mar del Plata, o certo é que seu rastro foi perdido e nunca chegou ao porto dessa cidade, onde deveria ter atracado em 19 de novembro.

O submarino diesel-elétrico de fabricação alemã, adquirido em 1985, era um dos três da Marinha argentina. Em 2014, ele havia sido reabilitado, e o sistema de baterias havia sido trocado.

As buscas

As buscas pelo Ara San Juan começaram 48 horas depois de seu desaparecimento, mas sem sucesso. Desde o fim do ano passado e ao longo de 2018, 13 países, incluindo o Brasil, reuniram esforços para participar das operações, com navios, aviões e submarinos.

Nos primeiros meses de busca, os trabalhos haviam se limitado a 430 km do litoral, em torno de uma área onde havia sido detectada uma explosão horas depois da última comunicação do submarino.

A pressão das famílias dos tripulantes, que juntaram recursos e acamparam 52 dias na Praça de Maio, em frente à sede da Presidência, em Buenos Aires, levou à contratação da empresa Ocean Infinity conhecida por participar da infrutífera busca pelo avião da Malaysia Airlines, desaparecido em 2014.