Política

Edmar Santos sai da Secretaria de Saúde em meio a denúncias de fraude na compra de respiradores

Reprodução / Instagram

Edmar Santos

O secretário estadual de Saúde Edmar Santos vai deixar o cargo nos próximos dias. Ainda não está confirmado o motivo oficial da mudança, tampouco se ele será exonerado ou sairá a pedido, mas acredita-se que ele pedirá exoneração por causa de desgastes com as recentes investigações na pasta. A secretaria é alvo da Operação “Favorito”, que apura desvios em contratos na área da saúde. O seu substituto será o médico Fernando Ferry, diretor do Hospital Universitário Gaffrée Guinle.

Nos bastidores do governo, circula a versão de que Edmar Santos pode vir a pedir exoneração nos próximos dias alegando pressão da família para que se afaste do cargo. A medida seria um atenuante para preservar a imagem do secretário, uma vez que a iniciativa de exoneração partiria dele mesmo. Procurado pelo GLOBO, Edmar Santos não atendeu as ligações.

Oficialmente, o Palácio Guanabara ainda nao oficializou a troca, mas um secretário do primeiro escalão do governo confirmou a mudança ao GLOBO. Informações dão conta que governador Wilson Witzel irá fazer um pronunciamento neste domingo, em um vídeo que estaria sendo gravado nesta tarde. Braço direito de Witzel, o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Lucas Tristão, citado num grampo na operação “Favorito”, também seria exonerado.

Procurado, Fernando Ferry também não atendeu, mas ele confirmou que foi chamado pelo governador para uma reunião, ainda nesta tarde.

Fraude na Compra de respiradores

Deflagrada pela Operação Lava-Jato no Rio por meio do Ministério Público Federal do Rio (MPF), em parceria com a Polícia Federal e com o Ministério Público do Rio (MP-RJ), a Operação “Favorito” prendeu, na quinta, o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Paulo Melo, e o empresário Mário Peixoto, após as investigações identificarem vínculos de negócios entre os dois.

Mário Peixoto foi preso em Angra dos Reis, na Costa Verde. Ele e é dono de empresas que têm contratos com as gestões de Sérgio Cabral e Wilson Witzel, inclusive para fornecimento de respiradores aos hospitais de campanha montados para receber pacientes com Covid-19. Os investigadores dizem que a “organização criminosa” desviou R$ 3,95 milhões em recursos públicos da saúde.

Após ser incluído no inquérito que investiga o suposto esquema de corrupção na compra de respiradores destinados ao tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus no Estado do Rio de Janeiro, Witzel enviou, neste sábado, uma mensagem para seus secretários fazendo uma menção a um esclarecimento que irá fornecer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre os desdobramentos da Operação “Favorito”. Segundo o governador, seu nome foi envolvido em “negociações espúrias”, sem qualquer participação da sua parte.

Escolhido é especialista na pesquisa de HIV

O novo secretário de saúde será Fernando Ferry, que é superintentende do Hospital Gafrée Guinle da Unirio. Ele também é pesquisador, atua há 25 anos no atendimento a pacientes com HIV e foi o coordenador do primeiro mestrado de HIV/AIDS do Brasil , devidamente reconhecido pela Capes, participando de 110 dissertações em 6 anos na UNIRIO.

– Estudei minha vida toda no ensino público, desde a Educação Básica até a Pós-Graduação. Fui, e sou, usuário do Sistema Único de Saúde (SUS), 100% gratuito, por isso sempre tive na minha caminhada o objetivo de, por obrigação, oerecer ao poder público, tudo o que poder público fez por mim. O meu trabalho, entretanto, não teria sucesso sem o papel de cada um dos funcionários. Na verdade, eu não faço nada. O que faço é ouvir as pessoas, estimulá-las e deixá-las trabalhar e exercer o seu papel de funcionário público que serve à população. Eu tenho um respeito profundo por cada um de nossos colaboradores e gostaria de estender essa homenagem a cada um deles- finalizou Fernando Ferry.

No ano passado, um episódio envolvendo Ferry ficou famoso, quando ele dirigiu uma ambulância para ajudar no resgate de vítimas do Hospital Badim. Interlocutores da prefeitura dizem que o médico também era bem visto pelo prefeito Marcelo Crivella, e poderia assumir a Secretaria municipal de Saúde Procurado, Ferry não atendeu