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Confronto entre indígenas e PM deixa feridos em fazenda em Amambai (MS)

Conforme as informações de testemunhas no local, indígenas podem ter morrido durante o confronto. Policiais do Batalhão do Choque foram encaminhados para hospital na cidade.

Confronto entre indígenas Guarani Kaiowá e policiais do Batalhão de Choque, da Polícia Militar, deixou vários feridos em uma propriedade rural em Amambai (MS), a 338 km de Campo Grande, nesta sexta-feira (24). A comunidade local diz que dois indígenas morreram, mas a polícia não confirma. Indígenas que estão no local relatam cenário de tensão.

Reprodução / Redes Sociais

O conflito ocorreu nesta sexta-feira (24).

A polícia confirma que vários indígenas também ficaram feridos por tiros. Pelo menos três policiais do Choque foram encaminhados para hospital da região, com ferimentos graves. Ao todo, até o momento, nove pessoas ficaram feridas entre indígenas e policiais.

Foram encaminhados para o Hospital Regional de Amambai seis indígenas. Entre as vítimas estão dois menores de idade, um de 14 e outro de 15 anos. Os três policiais do Choque também foram direcionados para o mesmo hospital. Os militares estão com ferimentos nas pernas e pés.

Indígenas e policiais possuem ferimentos ocasionados por armas de fogo, conforme informado pelo hospital. Não foi mencionado os estados de saúde dos feridos.

A fazenda pertence ao grupo VT Brasil. O g1 tentou contato com os proprietários da propriedade rural, mas obteve retorno.

Início do conflito e tensão

De acordo com a polícia, a propriedade rural foi ocupada pelos indígenas Guarani Kaiowá ainda na quinta-feira (23). Já nesta sexta-feira (24), equipes do Batalhão de Choque foram enviadas à cidade.

Assim que chegaram na região, o conflito entre indígenas e policiais iniciou. Sobre o motivo do conflito, os indígenas alegam que iniciaram retomada na terra, em Amambai, já a polícia fala em invasão no local.

A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) diz que os policiais do Batalhão de Choque foram acionados para irem até a comunidade para “coibir crime contra o patrimônio” . A reportagem não obteve mais detalhes sobre os motivos do conflito.

Uma testemunha do conflito, ouvida pelo g1, relata momentos de tensão, mesmo após o conflito inicial. Segundo a pessoa, policiais do Batalhão de Choque estão em formação em frente à fazenda e disse que vários drones estão sobrevoando o local.

“Os policiais chegaram no início da manhã. Primeiro veio o Batalhão de Choque e depois mais policiais aparecerem. Acreditamos que tenha uma pessoa desaparecida, não encontramos em nenhum lugar. As pessoas foram socorridas”, detalhou a testemunha.

Local do conflito

O conflito ocorreu em um território ancestral para os indígenas, denominado de Kuripi/São Lucas, localizado em Amambai.

Pedido de assistência médica

 

Pedido de ajuda foi feito nas redes sociais. — Foto: Redes sociais/Reprodução

Entidades voltadas aos indígenas pedem por assistência médica nas redes sociais. “Tropas de choque da polícia militar de MS, sem ordem judicial […], ação genocida neste momento contra comunidade Guarani e Kaiowa no município de Amambai, Guapo’y Mirim. Dezenas de indígenas feridos e desaparecidos, e mortos. Precisamos de ASSISTÊNCIA MÉDICA E AMBULÂNCIA. Pedimos JUSTIÇA”, informou a Articulação dos povos indígenas do Brasil (Apib) no perfil no Instagram.

Indígenas com munição usada no confronto. — Foto: Reprodução

O Ministério Público Federal de Ponta Porã é responsável na região. O órgão está ciente e atuando com as medidas cabíveis, tentando contato com os indígenas e policiais a fim de evitar mais conflito na comunidade.

Em nota, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) diz que “apesar de estar circulando relatos de que há dois indígenas mortos, ainda não há uma confirmação”. Em decorrência do agravamento do caso, o Cimi informou que a Polícia Federal vai se deslocar para o local.

“Além de seguir acompanhando o caso, o Cimi pede, com urgência, o envolvimento de órgãos federais, bem como do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), a fim de controlar a situação e investigar os episódios”, detalhou o Cimi.