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Polícia investiga médico suspeito de estupro dentro de Santa Casa

A Polícia Civil de São Paulo abriu investigação para apurar a denúncia de um abuso sexual cometido por um médico residente da Santa Casa contra uma paciente anestesiada durante uma cirurgia. Ele é investigado por estupro de vulnerável. O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) também apura de forma sigilosa o caso, mesmo sem ter recebido denúncia formal sobre o assunto.

O inquérito policial foi instaurado na quinta-feira (9), um dia após publicação de reportagem do g1. A investigação foi aberta no 77º Distrito Policial (Santa Cecília), por meio de uma portaria, a pedido do Ministério Público (MP-SP), o que exclui a necessidade de registro de boletim de ocorrência – que não foi feito pelo hospital.

Até então, a Santa Casa lidava apenas com o caso internamente, por meio de uma sindicância, que afastou o médico.

Abuso com paciente sedada

Segundo o g1 apurou, o caso ocorreu no final de abril. Durante o procedimento, o médico foi flagrado tocando nas genitais da paciente, que estava sedada.

O profissional foi aluno da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e está no quinto ano de residência em ortopedia, com especialização em mão. O crime foi filmando por outros profissionais, e as imagens encaminhadas à direção da Santa Casa.

g1 tenta contato com o médico e com a sua defesa.

Denúncia à Santa Casa

Em nota, na semana passada, a Santa Casa afirmou que recebeu uma denúncia anônima sobre importunação sexual ocorrida em suas dependências e que afastou o profissional envolvido.

“Foi instaurada sindicância interna em que todos os cuidados estão sendo tomados para que a apuração ocorra de maneira irrestrita e sigilosa, para que seja preservada a privacidade da suposta vítima, a qual estamos prestando assistência e acolhimento.”

No texto, a instituição ainda alega que “repudia veementemente qualquer ato de assédio ou importunação que fira a dignidade humana, assim a sindicância seguirá no firme propósito de apurar toda e qualquer responsabilidade.”

g1 pediu novo posicionamento após polícia ter aberto o inquérito.

Profissionais da Santa Casa relataram ao g1 que o ortopedista já tinha sido denunciado por assédio sexual à época da faculdade.

Em nota, a Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp confirmou a informação. No texto, a universidade relata que o caso ocorreu em 2013 e que Ramiro Neto foi suspenso por 90 dias.

“A Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp informa que em 2013 realizou processo disciplinar para apurar denúncia de assédio sexual ocorrido durante os Jogos Universitários contra o então estudante do curso de graduação em Medicina da Unicamp, Ramiro Joaquim de Carvalho Neto, hoje médico residente afastado da Santa Casa de São Paulo. Em função do processo, o aluno foi penalizado com as medidas disciplinares cabíveis, tendo sido suspenso por 90 dias. Compete, ainda, informar que Ramiro Joaquim de Carvalho Neto concluiu o curso de graduação em Medicina em 2017.”

O que diz a SSP

“A Polícia Civil informa que investiga os fatos, por meio de um inquérito policial instaurado pelo 77º DP (Santa Cecília), após requisição do Ministério Público. A autoridade policial já solicitou informações à Santa Casa e ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP). Demais detalhes serão preservados devido à natureza de cunho sexual.”