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Por que sofremos tanto? Como responder às adversidades da vida com mais assertividade emocional

Vivemos ou em estado de sofrimento ou de não sofrimento. Nesse contexto, a palavra sofrimento engloba sentimentos estressantes como tensão, raiva, decepção, inveja, ódio, medo, solidão, culpa, frustração e insegurança. Já o não sofrimento (ou belo estado de ser) inclui experiências de calma, conexão, compaixão, alegria, vitalidade, confiança, gratidão e paz interior. Quanto sofrimento criamos para nós mesmos ao darmos aos problemas uma dimensão muito maior do que o necessário? Por que tantas vezes focamos no problema, e não na solução ou no aprendizado que ele nos oferece?

Aqui, acho importante trazer dois paralelos: entre sofrimento e problema e entre dor e sofrimento. O sofrimento é uma experiência interna, emocional, enquanto o problema é algo externo que nos acontece. Você tem um problema quando, por exemplo, rompe um ligamento muscular na véspera de uma competição importante, para a qual estava se preparando havia meses ou anos. Você tem um problema quando é demitido do emprego, ou quando descobre que está com uma doença grave. Estes são exemplos de problemas reais que podemos enfrentar no dia a dia. No entanto, o grau de sofrimento que sentimos em cada uma dessas situações é interno, determinado pelo estado a partir do qual lidamos com elas. Não podemos escolher se queremos ou não encarar o problema quando ele acontece: ele está lá e teremos que enfrentá-lo de alguma forma, mas podemos escolher a partir de que estado emocional interno vamos responder.

Lidando com os problemas com mais leveza e sabedoria

O belo estado de ser é o estado interno de não sofrimento a partir do qual você escolhe responder às adversidades do mundo. Imagine-se reagindo a um determinado problema a partir de um estado de raiva, indignação e revolta. Como seria? Agora, se veja acolhendo o que aconteceu e respondendo à situação com base em um sentimento de aceitação e resiliência e perguntando-se: “Qual o melhor que posso fazer nesta situação? O que tenho a aprender com ela ?”. Desta forma, saímos do papel de vítima e refém da situação imposta para uma posição de aprendiz. Deste lugar, temos a oportunidade de ressignificar o que nos acontece de forma mais objetiva, lidando com o problema com mais leveza e sabedoria.

O mesmo vale na significação dos termos dor e sofrimento: a dor é inevitável quando nos machucamos física ou emocionalmente, mas o grau do sofrimento que essa dor nos causará tem a ver com o estado a partir do qual lidaremos com ela. Eu acredito que tudo que me acontece vem para me ensinar algo que preciso aprender, para que eu suba mais um degrau na minha evolução. Quando olho para uma situação que me pega de surpresa a partir dessa perspectiva, procuro entender o que ela quer me ensinar, como posso crescer com isso. O simples fato de colocar o foco no que eu tenho controle, ou seja, no meu estado interno, já minimiza o possível sofrimento que aquele acontecimento pode me trazer.

Veja que não estou dizendo que não devemos sentir nada perante acontecimentos que nos afetam, entristecem, preocupam ou frustram, mas muitas vezes elevamos a potência do sofrimento por colocar foco no problema, e não na solução ou no aprendizado que estamos recebendo. Quanto mais energia colocamos no sofrimento, mais forte ele se tornará para nós. Isso tem a ver com a nossa capacidade de potencializar aquilo para o qual direcionamos a nossa atenção.

Não focar no passado ou futuro: a atenção no estado presente, o “agora”

Outra dialética bem comum em nossa sociedade e que nos coloca frequentemente em estado de sofrimento é passarmos os dias presos no tempo passado ou futuro, e não no agora. Seja nos apegando ao passado, seja criando expectativas quanto ao futuro, ambas as atitudes nos causam sofrimento. Viver apegado ao passado (que não pode ser mudado, apenas ressignificado dentro de nós) provoca angústia e depressão. Por outro lado, viver sonhando com um futuro, com um tempo certo que um dia chegará para realizarmos nossos sonhos, tem como consequência imensa ansiedade. Como já vimos, só existe o agora, e somente presentes e conscientes no agora podemos escolher responder à vida a partir de um belo estado de ser.

Segundo o Hinduísmo, iniciamos novos ciclos somente ao conseguirmos fechar os velhos, e fazemos isso quando estamos preparados e conscientes de que é hora de deixar as coisas e os sonhos que perderam o sentido no presente para trás. O novo se revelará porque ele está pronto para você e você para ele. A sociedade ocidental tem muita dificuldade de compreender essa lei do universo, pois nos apegamos a posses, pessoas, lembranças, sucessos do passado e paradigmas obsoletos, sofrendo muito por não conseguir deixar tudo isso ir embora. Quando as coisas terminam, elas terminam. Significa que você aprendeu o que precisava com aquela experiência, fase ou ciclo e já está pronto para uma nova etapa. Aceitar as coisas como são dói menos, como diz o ditado popular. O apego é uma das maiores causas de sofrimento no mundo e temos o hábito de nos apegar às coisas transitórias.

Em qual frequência você vibra?

Hoje, acredito que o estado de sofrimento se tornou um sentimento generalizado no mundo porque, nessa fase da evolução da humanidade, nos identificamos mais com a vida exterior e projetada pelo nosso ego do que com nosso eu verdadeiro, nossa essência mais profunda.

Somos energia e vibramos em determinada frequência. Sentimentos negativos nos conectam com uma frequência baixa e, se não tivermos consciência de que estamos vibrando nesse lugar, ficará difícil enxergar as possibilidades que existem de solução nas frequências mais elevadas. Quando temos consciência disso e colocamos nossa energia na mesma frequência do que desejamos, os astros se alinham e as “magias” começam a acontecer.

Na verdade, a vida em si é mágica, o que percebo é que vamos, ao longo do tempo, nos desconectando, e paramos de enxergar essa magia, perdendo a linda oportunidade de viver a partir da beleza, em que infinitas possibilidades e sincronicidades se manifestam todos os dias. Isso tem tudo a ver com a nossa capacidade de estar presente no presente. Só em presença podemos nos perguntar: O que eu quero de verdade? Como posso servir? O que tenho a contribuir? O que posso criar? O que realmente importa?

*Luciana Barbosa (@eu.lucianabarbosa) é psicóloga, mãe, empresária e palestrante. Nasceu no Rio de Janeiro, mas, atualmente, vive em Brasília, capital federal. 

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