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PF deve investigar ministro do Trabalho por empregar funcionários "fantasmas", diz jornal

Há suspeita da participação de Manoel Dias no esquema com militantes do PDT

Agência Brasil

Ministro Manoel Dias

Após concluir inquérito que investigava o desvio de verbas do Ministério do Trabalho, a Polícia Federal quer que o STF (Supremo Tribunal Federal) invetigue o ministro do Trabalho Manoel Dias. De acordo com reportagem publicada nesta segunda-feira (3) pelo O Estado de S.Paulo, há suspeitas da participação do ministro no esquema de empregar integrantes do seu partido, o PDT, como funcionários fantasmas de uma ONG (Organização Não Governamental) conveniada com o ministério. A entidade teria recebido R$ 11 milhões com o convênio.

A PF começou as investigações após um dirigente do partido, John Sieves, dizer que recebia pagamentos mensais da ADRVale (Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Rio Tijucas Mirim) a mando de Manoel Dias, mesmo trabalhando para a Universidade Leonel Brizola. Outros militantes também confirmaram a informação de que recebiam da ONG sem trabalhar para ela.

A PF encaminhou ao STF o pedido para investigação de Manoel Dias, já que é o Supremo é a única instância que pode investigar criminalmente um ministro. O despacho foi feito pelo delegado Anníbal Gaya e caberá à Justiça Federal de Santa Catarina, onde fica a base eleitoral de Dias, a decisão de enviar o caso à Corte de Brasília.

Sievers entregou à PF extratos bancários e contou ter recebido dinheiro da ADRVale, com conhecimento de Dias, entre fevereiro e outubro de 2008 sendo vigilante e assistente. Além de Sivers, outro integrante da Juventude do PDT, Fábio da Silva Pereira Machado, contou que Dias o escolheu para para prestar serviços a uma ONG de Brusque. Fábio era, na verdade, comissionado por um cargo na Prefeitura do Balneário de Camburiú, em Santa Catarina. Fábio afimrou à PF que nunca foi funcionário da ADRVale.

Sem poder para intimar o ministro em consequência do foro privilegiado, a PF se limitou a pedir explicações ao ministro, que não prestou depoimento voluntariamente. O principal convênio da pasta com a ADRVale, de acordo com a PF, foi executado entre 2006 e 2009 em que foram liberados R$ 6,9 milhões para a realizações de qualificação profissional. Nesta época, Carlos Lupi (PDT-RJ) era o ministro, tendo deixado o cargo em 2011 após denúncias de cobrança de propina.

A investigação da PF e Controladoria-Geral da União concluiu que houve desvio de recursos, subcontratações ilegais e nenhuma comprovação efetiva de que os cursos de qualificações foram feitos. Cinco ex-dirigentes da ADRVale foram indicados por formação de quadrilha, peculato e dispensa indevida de licitação.

A PF disse à Justiça que, apesar dos pedidos, foram sonegados dados do convênio pela gestão Dias e não foram enviadas as análises de prestações de contas porque, de acordo com alegação da ONG, um incêndio atingiu as instalações da entidade.

O ministro

Dias disse que não teme investigações sobre o seu envolvimento no suposto esquema dos funcionários "fantasmas". Ainda de acordo com reportagem de OEstado de S.Paulo, o ministro atribuiu as acusações a um ex-dirigente do partido e reafirmou que não participou de nenhum acordo para que militantes recebessem salários sem trabalhar.

Dias se mostrou, inclusive, surpreso em relação ao número de pedetistas que trabalhavam na ONG e questionaou se nunhum deles trabalhava, se "só recebiam". O ministro disse ainda que se mantém no cargo.

Já o Ministério do Trabalho aguarda dados oficiais do inquérito para se manifestar. Em nota, afirmou que a ADRVale não pode receber dinheiro do governo federal.