Milane Valente entra em contradição várias vezes diante do júri.
O segundo dia do julgamento do caso PC Farias começou com o depoimento de Milane Valente de Melo. Milane é ex-namorada de Augusto Farias, então deputado e irmão de Paulo César Farias (PC). A depoente confirmou ao juiz Maurício Brêda – que preside a sessão – ter participado de um jantar junto com Augusto, na casa de PC, em Guaxuma, na noite que antecedeu a morte do ex-tesoureiro e sua namorada Suzana Marcolino.
Milane confirmou não ter intimidade com Suzana e disse que Augusto não gostava da namorada do irmão. Milane rememorou que PC não parecia irritado durante o jantar e que ela permaneceu na casa com o namorado (Augsto) das 8h a 0h, dizendo não ter presenciado nenhuma discussão entre o casal durante o jantar.
Um detalhe importante do depoimento de Milane é a confirmação da presença de um garçom durante o jantar, mas que, apesar de conhecer os acusados, não viu durante as quatros horas em que ficou na casa de PC nenhum dos policiais apontados como autores materiais dos crimes.
Sobre a morte, Milane disse que não estava com Augusto no momento que ele tomou conhecimento da morte do irmão e que soube da morte de ambos por uma ligação da prima, por volta das 14h do dia seguinte, e que confirmou a informação com um assessor de Augusto.
A ex-namorada de Augusto Farias também confirmou em depoimento que partiu do ex-sargento da PM e ex-chefe de segurança de PC, Flávio Almeida, a ordem de atear fogo no colchão onde as vítimas foram encontradas mortas.
Outro detalhe que chama atenção é que, apesar de serem namorados há época, Milane disse que Augusto – com quem ela namorou até outubro daquele ano – nunca conversou com ela sobre as especulações de ser ele o autor intelectual da morte do ex-tesoureiro PC e sua namorada. Milane limitou-se a dizer que Augusto ‘ficou muito abalado com a notícia’.
Durante o julgamento, a ex-namorada de Augusto se contradisse algumas vezes. Entre as respostas contraditórias estão o seu grau de intimidade com o casal e as conversas com Augusto Farias após o crime.
Milane se contradisse dizendo primeiro ter frequentado a casa de PC por uns cinco meses e, logo em seguida, disse ter sido entre os meses de novembro (de 1995) e junho (de 1996). Apesar de ter frequentado a casa por esse período, a testemunha disse ter encontrado com Suzana apenas em cinco ocasiões. Destas cinco, um delas teria sido o jantar da noite que antecedeu a morte do casal, em que a testemunha confirmou não ter presenciado discussão. Restadas quatro outras ocasiões e levando em consideração que a testemunha disse ter encontrado Suzana cinco vezes, o pouco contato pareceu suficiente para a testemunha afirmar que Suzana era ‘explosiva e muito ciumenta’ e que em um destes encontros ela presenciou uma discussão entre o casal em que Suzana teria jogado o celular de PC na piscina. Apesar disso, Milane afirmou no tribunal que PC era um ‘cavalheiro’ e que a relação entre eles era ‘normal’.
Depois de dizer que Augusto nunca havia falado sobre as especulações de ser o autor intelectual, Milane falou de uma conversa que teve com Augusto, onde ela diz que o namorado comentou com ela ser um absurdo apontarem-no como assassino do irmão.
Sobre como ficou sabendo da morte a testemunha relatou que somente depois que chegou na casa, por volta das 17h soube que se tratava de homicídio seguido de suicídio. E disse ainda que ‘acreditava’ ter sido Augusto quem comentou com ela porque aquela havia sido ‘a versão que foi dada’.
Outra contradição foi sobre o colchão onde a s vítimas foram encontradas mortas. Depois de apontar o ex-sargento Flávio Almeida, Milane disse desconhecer de quem havia partido a ordem para atear fogo.
Sobre o relacionamento dos irmão Paulo César e Augusto Farias, Milane foi enfática ao destacar a boa relação entre eles: “Eram como pai e filho’. Ela disse ainda que Augusto ficou muito abalado com a morte do irmão e que o filho de PC teria adotado o tio como um pai.