Até agora, métodos tradicionais de sequenciamento do DNA proporcionaram um mapeamento extenso da presença de bactérias.
Embora presentes no corpo inteiro, os fungos têm seus locais preferidos. Os mais cotados estão nos pés — calcanhares, unhas e dedos são muito populares entre estes micro-organismos. O primeiro mapeamento de suas culturas, publicado hoje na revista “Nature”, mostra como elas também são abundantes nos antebraços, nas virilhas, nas narinas, no peito e na dobra dos cotovelos.
Até agora, métodos tradicionais de sequenciamento do DNA proporcionaram um mapeamento extenso da presença de bactérias. Havia, porém, dificuldade para estudar a diversidade dos fungos, cuja presença também é crucial para a saúde humana.
— A evolução da análise do DNA permitiu fazer um censo dos fungos — explica Julia Segre, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano, dos EUA, e coautora da pesquisa. — Há quase 200 tipos destes organismos em nós. Somente no calcanhar há 80. Nas unhas são 60 e, entre o terceiro e quarto dedos dos pés, 40.
A preferência dos fungos pelos pés deve-se à variação térmica deste ambiente, muito maior do que a registrada no resto do corpo. Assim, é possível que comunidades de fungos adaptadas a diferentes temperaturas se alojem por ali.
Julia e sua equipe analisaram 14 locais do corpo de dez adultos. Não houve grandes variações na quantidade de culturas de fungos no grupo, à exceção de um voluntário, que passou sete meses tratando de uma infecção nos dedos do pé. Nele e naquele local a presença dos organismos foi particularmente alta. Mas não se sabe o que veio primeiro: os fungos ou a infecção.
— Entre as bactérias, quanto menor a diversidade, maior o risco de doenças. Falta saber se os fungos seguem este padrão — diz David Relman, professor de microbiologia da Universidade de Stanford que não participou do estudo e sugere uma pesquisa com pessoas descalças. — Os pés muitas vezes estão enclausurados em sapatos e ficam quentes e úmidos, um prato cheio para os fungos.