Na visão de ex-presidente, atual governo já faturou o que podia com caso de espionagem.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que o governo Dilma Rousseff deve distender sua relação com os Estados Unidos. Para Lula, Dilma já capitalizou o que podia do episódio da espionagem, mas teria a perder a partir de 2014, ano eleitoral.
Na visão de Lula, uma relação fria como a que se estabeleceu hoje entre Brasília e Washington poderia causar à presidente Dilma a antipatia do governo americano perante investidores do país.
Trocando em miúdos: Lula acha que “os gringos” podem acabar estimulando uma visão mais negativa da situação fiscal brasileira e criar, por exemplo, pontes com os nomes da oposição, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).
O raciocínio de Lula é pragmático. Do ponto de vista interno, Dilma já faturou politicamente ao cancelar a visita de Estado a Washington prevista para outubro. No fórum externo, fez um duro discuro na ONU e obteve apoio da Alemanha para questionar as ações de espionagem do governo Barack Obama.
Agora, a batalha principal de Dilma é a reeleição. Apesar das pesquisas que apontam possibilidade de vitória no primeiro turno, Lula considera que o jogo será mais duro e provavelmente decidido numa segunda fase. Por isso, melhor evitar cultivar inimizades, ainda mais com o país mais poderoso do planeta. Uma eventual retaliação econômica prejudicaria a campanha petista no ano que vem.