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Diante do colapso do IML, diretor anuncia pedido de exoneração

'Me comprometi com a categoria de que eles teriam aumento salarial. Me senti um mentiroso diante dos meus colegas de trabalho', disse o diretor.

Alagoas24horas

Emocionado, Gerson Odilon explicou as razões do seu pedido de exoneração

Depois de enfrentar constantes faltas d’água que comprometeram o trabalho de necropsia, falta de estrutura física até para atendimento de familiares de vítimas da violência e por último o anúncio de que os profissionais do Instituto Médico Legal Estácio de Lima não terão reajuste salarial, o diretor do IML de Maceió, Gerson Odilon, anunciou seu pedido de exoneração, entregue diretamente ao governador Teotonio Vilela Filho (PSDB).

Odilon recebeu a imprensa na manhã desta sexta-feira, dia 15, e emocionado explicou as motivações que o fizeram pedir exoneração do cargo que ocupa há dois anos e três meses. Para ele, o estopim para sua saída foi o pedido de demissão do médico Luciano Ataíde que, segundo ele, seria um profissional sério e amigo pessoal dentro do IML. “Eu me comprometi com a categoria de que eles teriam aumento salarial e no dia 2 foi anunciado que não haveria reajuste. Este reajuste é esperado há oito anos e recebi a resposta da Gestão Pública de que estava sendo estudada uma bolsa para estudo. Me senti um mentiroso diante dos meus colegas de trabalho”, completou.

O diretor disse que teria aceitado o cargo de diretor acreditando que algo seria mudado no IML, mas há mais de 50 anos os profissionais trabalham com a mesma estrutura. “É muito doloroso para mim deixar o cargo, mas estou pedindo exoneração entre outros motivos pela eterna falta de estrutura e o não cumprimento de uma proposta de governo. Eu assumi o cargo porque eu acreditei e tive esperança de que iria mudar a situação, mas sempre foi assim desde outros governos”, disse Gerson Odilon.

Questionado qual seria seu modelo ideal de IML, Odilon disse que espera um dia ter o instituto que tenha estrutura de um hospital moderno, com condições desde o acolhimento a exames complementares – modelo proposto no projeto de construção do novo IML, no bairro do Tabuleiro. “Como sonhador, acredito que este IML vai sair sim”, disse sobre a construção da nova unidade.

Além da falta de estrutura, as relações desde a nomeação do atual Perito Geral do Estado, coronel Roberto Liberato, teriam complicado a situação do diretor com a categoria, levando ao colapso do Instituto. Na época da nomeação de Liberato, peritos criminais chegaram a entrar em greve reivindicando que o cargo de chefia – até então Perito Oficial do Estado (que coordena os trabalhos dos IMLs, do Instituto de Criminalística e do Instituto de Identificação) -deveria ser ocupado por um perito, para terminar o impasse, o Governo alterou a nomenclatura do cargo, passando a ser Perito Geral do Estado. “Achei que por ele [Liberato] ser um médico teria sensibilidade, mas não…”, limitou-se o diretor.

O pedido de exoneração de Odilon do cargo deixou os funcionários preocupados com a nova indicação para o cargo. Os profissionais temem que um militar seja nomeado para a função. Ainda segundo os servidores, um militar já teria sido enviado para o IML para o cargo de diretor administrativo.

Odilon disse que após ter sua exoneração aceita, vai terminar seu doutorado em Bioética pela Universidade do Porto, em Portugal. Além do diretor-geral, o diretor administrativo Carlos Burgo também deixa o cargo.