No ofício enviado ao presidente do TRE/AL, desembargador Orlando Manso, o juiz eleitoral de Paulo Jacinto narra o aumento no número de homicídios no município
O gabinete da Presidência do Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE/AL) recepcionou, na última quinta-feira (06), mais três solicitações de envio de tropas federais. Desta vez, os pedidos partiram dos juízes eleitorais de Paulo Jacinto (41ª Zona), Campo Alegre (44ª Zona) e Penedo (13ª Zona).
No ofício enviado ao presidente do TRE/AL, desembargador Orlando Manso, o juiz eleitoral de Paulo Jacinto narra o aumento no número de homicídios no município, ultrapassando a ordem de 500%, saltando de dois em 2010 para 12 em 2011. O cancelamento da festa de emancipação política da cidade e o baixo efetivo da polícia judiciária local também são preocupações do magistrado.
Segundo o juiz Ferdinando Scremin Neto, apenas um agente da Polícia Civil atua diariamente no expediente da delegacia e o delegado responde cumulativamente por seis distritos policiais na região, além de atuar no plantão interno junto à Delegacia de Polícia de Viçosa. A Polícia Militar conta apenas com três policiais no município.
“O clima político está tenso e já houve incidentes inclusive na Câmara de Vereadores e em atos públicos partidários e a presença do Exército se faz imperiosa para garantir a tranquilidade do pleito”, destacou o juiz eleitoral, ressaltando, ainda, que fontes do serviço de inteligência já detectaram atividades ligadas ao PCC – Primeiro Comando da Capital, na área de Paulo Jacinto e adjacências.
Violência política atinge Campo Grande
O juiz eleitoral da 44ª Zona, sediada em Girau do Ponciano, Anderson Santos dos Passos, destaca, no ofício enviado à Justiça Eleitoral, que o município de Campo Alegre, termo da Zona Eleitoral, é conhecido pelos embates políticos entre dois grupos antagônicos, onde alguns candidatos, tentam conseguir votos utilizando ameaças, violência e coação como instrumentos de intimidação do eleitor.
O magistrado relata que está tendo que se deslocar, todos os finais de semana, ao município, objetivando acompanhar comícios e tentar preservar a ordem pública e eleitoral. Porém, diante do pequeno efetivo policial, o juiz teme que atos de violência mais graves ocorram, como o enfrentamento de eleitores em praça pública.
“Os dois candidatos a cargo de prefeito, Miguel Joaquim dos Santos Neto e Cícero Ferreira Neto, bem como o atual prefeito e tio do candidato Miguel Joaquim, segundo informações repassadas pelo Ministério Público Eleitoral, estariam a transitar pelo município de Campo Alegre acompanhados de inúmeros ‘capangas’, civis e militares, com armas de fogo em punho, caracterizando formação de grupos armados, o que já foi objeto de pedido de investigação, por parte deste Juízo, pelas polícias civil e federal”, finalizou o juiz Anderson Passos.
Instabilidade política entre as famílias Beltrão e Toledo
No município de Penedo, a instabilidade política gerada entre candidatos das famílias Beltrão e Toledo encabeça a lista de preocupações do juiz eleitoral da 13ª Zona, Claudemiro Avelino de Souza. O quadro político similar ao verificado nas eleições municipais de 2008, quando foram veiculados boatos e insinuações acerca da lisura do pleito eleitoral e desencadeou um sério episódio que resultou em apedrejamento, queima de pneus, danos em viatura policial e ameaça de invasão no cartório eleitoral, também incomoda o magistrado.
Segundo ele, os graves insultos de conteúdo eleitoreiro dirigidos ao presidente da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Penedo, José Gois Machado, ocorrido em 14 de agosto último e o caso do assassinato de um correligionário, em decorrência de discussão geradas por discrepâncias nas opiniões sobre as qualidades dos candidatos, também são razões que devem ser observadas pela Justiça Eleitoral no momento da análise do envio das tropas federais.
“O alto número de proposituras de representações eleitorais e pedidos de Direito de Resposta em curto período – de 07 de agosto a 03 de setembro –, totalizando 29 pleitos, serve de diagnóstico para aferir o atual clima acirrado de disputa”, explica o juiz eleitoral.