Os mais atingidos foram os moradores da Rua Nicolau Mota, no bairro Torrão, que perderam móveis, tiveram suas casas destruídas.
Uma “obra de saneamento” realizada pela Prefeitura de Pilar em julho deste ano continua causando transtornos a população. Os mais atingidos foram os moradores da Rua Nicolau Mota, no bairro Torrão, que perderam móveis, tiveram suas casas destruídas e até hoje não foram indenizados pelo município.
Os moradores explicam que já estão acostumados a enfrentar alagamentos no período chuvoso, mas nunca tiveram tantos prejuízos como em 2010. "Moro há anos no Torrão e nunca tinha ocorrido nada parecido no bairro. Depois que a Prefeitura resolveu colocar a encanação, cortar as árvores e colocar um muro de contenção na barreira, a água da chuva começou a invadir as casas. Hoje, os bueiros estão cheios de barro e temos medo que a qualquer momento a água volte a invadir as residências", contou a moradora Juraci Dimas.
Os moradores explicam que a obra teve início em julho e ninguém foi informado ao certo do que se tratava. “Acreditamos que a obra era algum tipo de lavagem de dinheiro, porque começaram o trabalho, fizeram o serviço de qualquer jeito e não concluíram. Os bueiros estão entupidos e ninguém resolve”, disse outro morador que não quis se identificar por medo de represálias.
O resultado da obra são paredes e pisos rachados, infiltrações e destruição, como a reportagem do Alagoas24Horas pode conferir na casa de número 123 pertencente ao operário Antônio da Silva, uma das mais atingidas na região. A residência foi condenada pela Defesa Civil devido às rachaduras e fendas que se abriram no piso e nas paredes. O local foi tomado pelo barro e seus móveis e eletrodomésticos foram destruídos pela água. Desde o ocorrido, operário e sua família vivem peregrinando em casas alugadas ou de amigos e parentes.
Antônio da Silva contou que já requereu o ressarcimento dos bens perdidos junto à Prefeitura de Pilar, mas até o momento a situação não foi resolvida. "Fiz um acordo com o Prefeito Oziel Barros para me pagar R$ 40 mil pela minha casa, mas até agora não foi pago. Há cinco meses, vivo como cigano, de casa em casa. Agora, estou morando de aluguel que custa R$ 200, valor pago pela Secretaria de Ação Social, mas o proprietário já pediu a casa porque sempre atrasam o pagamento. Não tenho para onde ir", lamenta o trabalhador.
Antônio da Silva disse ainda que acabou perdendo o emprego por causa da Prefeitura de Pilar. "Estou desempregado e no SPC, tudo por culpa da Prefeitura. Quando minha casa foi condenada, eu tive que faltar ao emprego na caldeiraria da Petrobras porque tinha que resolver as papeladas para que o dinheiro fosse liberado e assim comprar uma nova casa. Mas, até hoje, não recebi nada e sempre que procuro saber, me colocam para andar", desabafa.
"Perdi tudo. Trabalhei muito para construir minha casa e vi tudo desmoronando de uma hora para outra. É muito triste. Sempre que entro na casa e vejo a situação, fico angustiado", comentou Silva, entre lágrimas. "Tenho medo que aconteça algo comigo e minha família devido a tudo que aconteceu. Pretendo procurar um advogado para ver se resolve algo", finalizou.