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Galos de briga são consumidos no sistema penitenciário

Os agentes contam que as aves foram entregues ao DUP (Diretoria de Unidades Penitenciárias) por volta das 21h de ontem e uma verdadeira força-tarefa foi montada para conseguir abater as aves.

Cortesia

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Cerca de 300 galos de briga apreendidos durante a Operação Uirapuru, deflagrada no sábado, 21, pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) foram levados ao sistema penitenciário para consumo dos reeducandos. A informação é de um grupo de agentes penitenciários que não quis se identificar.

A PRF informou, por meio de sua assessoria de comunicação, que depois da operação as aves foram entregues ao Ibama e posteriormente seriam sacrificadas, já que foram criadas apenas para combate e não têm convívio em cativeiro, sendo consideradas impróprias para o consumo devido ao uso de anabolizantes e outros medicamentos proibidos, mas não foi o que ocorreu, segundo denúncia do grupo.

Os agentes contam que as aves foram entregues ao DUP (Diretoria de Unidades Penitenciárias) por volta das 21h de ontem e uma verdadeira força-tarefa foi montada para conseguir abater as aves. “A maioria foi abatida ontem, mas ainda ficaram cerca de 80 para hoje. As fotos mostram que os galos foram preparados hoje e tudo indica que foram servidos no almoço dos reeducandos”, disseram os agentes.

O coordenador da Vigilância Sanitária Municipal de Maceió, Ednaldo Balbino, reiterou que as aves em questão não podem ser consumidas e destacou alguns dos problemas causados pelo consumo: “A ingestão de anabolizantes contidos nas aves podem causar sérios problemas, porque modifica o sistema hormonal dos indivíduos. Os danos vão além de queda e aumento de peso”, explica, acrescentando que esses animais podem ter ingerido outros medicamentos e apresentam hematomas e outras sequelas das brigas.

A PRF realizou na tarde desta segunda-feira, 23, uma entrevista coletiva em conjunto com o Ibama, Polícia Civil e outros colaboradores onde fizeram um balanço da Operação Uirapuru. Na ocasião, o representante do Ibama, Alan Tenório, informou que foram apreendidos 430 animais, dentre os quais 381 galos de briga que eram usados em rinhas.

Tenório disse também que os animais estavam bastante machucados e a maioria doente, sem condições de serem levados para o centro de triagem. "Esses animais não poderão ficar em contato com outros. Depois da avaliação do veterinário serão sacraficados", afirmou, acrescentando que não teriam a mínima condição de consumo. Durante a coletiva não houve qualquer informações sobre a entrega dos animais no sistema prisional.

A assessoria de comunicação da Intendência Penitenciária confirmou que recebeu os galos de briga como doação, mas que antes do consumo serão submetidos à análise técnica de profissionais para saber se estão aptos. A assessoria também garantiu que as aves não foram preparadas e que os reeducandos comeram peixe no almoço de hoje.

Operação

Oitenta policiais rodoviários federais, remanescentes das operações Ciclone e Golfo, com uma equipe da Polícia Civil e uma do Ibama executaram a operação no sábado, que resultou na prisão de cerca de 120 pessoas. Os mandados foram expedidos pela 17ª Vara Criminal da Capital.