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Inquérito da Polícia Federal investiga trabalho degradante em Alagoas

A Polícia Federal abriu o primeiro inquérito para apurar a exploração de trabalhadores em Alagoas. O flagrante aconteceu na zona rural de Messias, há 33 km de Maceió, quando os policiais encontraram 13 trabalhadores vivendo em condições subumanas.

PRT

Em Messias, policiais federais encontraram 13 trabalhadores em condições subumanas

A Polícia Federal abriu o primeiro inquérito para apurar a exploração de trabalhadores em Alagoas. O flagrante aconteceu na zona rural de Messias, há 33 km de Maceió, quando os policiais encontraram 13 trabalhadores vivendo em condições subumanas.

Os trabalhadores foram contratados por empreiteiro e estavam alojados em casas precárias, sem higiene e com pouca ventilação. Algumas pessoas dormiam pelo chão e outras, em redes. Do teto coberto de fuligem, pendiam teias de aranhas. Em um dos alojamentos, no piso úmido de terra batida, três pedras serviam de fogareiro para o preparo de alimentos. O sanitário, sem vaso, exalava forte odor, devido à fossa estourada. “O que mais incomoda é essa catinga da peste”, reclamou José Paulo da Silva, que divide a casa com mais dois trabalhadores.

Sem carteira assinada, recebendo cerca de R$ 10 por dia, eles estavam trabalhando para a fazenda Serra Verde, de propriedade de Ribemont Lopes de Farias — conforme consta no registro da carteira profissional do capataz, Cícero da Silva. A Polícia Federal não conseguiu localizar o empreiteiro responsável pela contratação, Eduardo Olímpio dos Santos, conhecido por Duda. No entanto, deteve Ednaldo Bernardo da Silva, braço direito do agenciador. Ele foi levado para a sede da Polícia Federal, em Maceió, onde foi ouvido e depois liberado.

“O que pretendemos apurar é exatamente essa questão das condições degradantes a que os trabalhadores estão sendo submetidos para ficar no serviço. Não é trabalho escravo porque eles não são mantidos prisioneiros, mas é uma situação análoga, se levarmos em consideração as condições precárias em que vivem e por não terem respeitados os direitos trabalhistas”, revelou o delegado Luiz Marques, acrescentando que a segunda pessoa a ser ouvida será o empreiteiro Duda.

Realizada no último dia 31, a ação conjunta fez parte das atividades de combate ao trabalho clandestino que estão sendo desenvolvidas pela Delegacia Regional do Trabalho (DRT) e pela Procuradoria Regional do Trabalho (PRT).

Mais irregularidades

Os ficais da DRT também fizeram inspeção em outras propriedades da região e constataram cerca de 120 trabalhadores sem carteira assinada. Além da Serra Verde, foram visitadas as fazendas Riacho Branco, Aurora, Muritiba e Santa Fé.

De acordo com o chefe de fiscalização da DRT, André Sarmento, os proprietários foram notificados e terão de apresentar documentação comprovando a regularização da situação. No caso da Serra Verde, o prazo dado foi dia 9 deste mês.

“Se a documentação comprovar irregularidades, o proprietário será autuado; mas nosso trabalho, por enquanto, ainda é educativo. O que queremos é que cada um regularize a situação dos trabalhadores”, disse Sarmento.