Índios da tribo Xucuru Kariri de Palmeira dos índios ocuparam, na manhã desta quarta-feira, 08, a sede da Secretaria de Estado da Educação (SEE), que funciona dentro do Cepa, no bairro do Farol. Eles reivindicam a construção de escolas, a reforma e ampliação das unidades escolares já existentes, a contratação de professores, a troca das mobílias das escolas e a educação dos jovens nas próprias aldeias.
De acordo com a diretora da Escola Yapi Leãnawan, Edneide Silva, as unidades escolares localizadas nas comunidades indígenas da região estão passando por vários problemas.
“Além da falta de profissionais e escolas, os professores estão sem receber os salários há três meses. Todos os funcionários e professores são contratados. Na comunidade, existem apenas os fundamentais I e II. O que queremos é que a educação seja feita toda nas aldeias, pois quando os jovens saem para estudar fora perdem as raízes e também são tratados de forma diferente por serem índios”, disse Edneide Silva.
Diante da situação, 35 pessoas da Aldeia Coité Xucuru resolveram vir a Maceió para ser entregar uma lista de reivindicação ao secretário da Educação, Luciano Barbosa.
Ao chegar a sede da SEE, eles foram hostilizados pelos funcionários e impedidos de entrar no prédio. “Quando eles nos viram, fecham os portões e nos xingaram. Como fomos impedidos de entrar, também não deixamos ninguém sair. Não somos canibais e animais, queríamos ser tratados como seres humanos”, afirmou Silva.
Em contrapartida, uma funcionária da SEE, que preferiu ter a identidade preservada, entrou em contato com o Alagoas 24 Horas para contar que os índios chegaram ao local armados com arcos e flechas e mantiveram os servidores públicos em cárcere privado por horas.
Os funcionários contaram ainda que ficaram sem café da manhã e almoço. Os servidores públicos só foram liberados por volta das 14 horas após a chegada da secretária adjunta, Laura Souza. Ao se deparar com a situação, a secretária convocou os Xucurus-Kariris para uma conversa na sala da coordenadoria, localizada também no Cepa.
Ela recebeu a pauta de reivindicação e se reuniu com uma equipe técnica para discutir as propostas apresentadas pela tribo indígena. Eles vão analisar a situação e voltaram a se reunir nesta tarde com os índios.
Uma equipe do Batalhão de Policiamento Escolar (BPEsc) acompanha as negociações com a tribo indígena.
“Esperamos que seja feito algo para melhorar nossa comunidade. Caso a gente tenha uma resposta negativa, iremos voltar a Maceió com toda a tribo”, disse o cacique Selmo, da Aldeia Coité.