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Sem acordo salarial, Sinttro culpa clandestinos por impasse com empresas

João Urtiga / Alagoas 24 Horas

João Urtiga / Alagoas 24 Horas

Os integrantes do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviários de Alagoas (Sinttro) permanecem sem acordo quanto à proposta de reajuste salarial da categoria, com sugestão em 15%, além da regularização da folha salarial. Ambas as pautas estão sendo discutidas em reunião entre empresários e Prefeitura de Maceió nesta sexta-feira (28).

No entanto, em entrevista ao Alagoas 24 Horas, o presidente do Sinttro, Écio Ângelo, informou que a situação envolvendo os transportadores alternativos pode ser considerada a maior responsável pelo impasse registrado até agora entre a classe patronal e rodoviários.

De acordo com o presidente, que já antecipa nova paralisação dos coletivos a ser realizada na próxima terça-feira (1), a leniência da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) em combater os clandestinos termina por prejudicar o lucro dos patrões com quedas constantes na receita e, consequentemente, ocasionam cortes na frota de ônibus e postos de trabalho.

João Urtiga/Alagoas 24 Horas

Écio Ângelo fala que negociação é dificultada por conta da ação de clandestinos

Écio afirma ainda que atualmente todas as empresas de ônibus dispõem de uma frota de 700 veículos, mas, devido a ação constante de veículos que não possuem registro algum e fazem o deslocamento de passageiros, esse número caiu para 580 que são efetivamente levados à rua. “Nesse ponto nós entendemos a reclamação dos empresários. O prefeito [Rui Palmeira] tem que combater mais esses transportadores para que reflita em melhorias para todos”, afirma.

Levantamento recente do Sinttro dá conta que a atuação crescente da clandestinidade chega a afetar 25% da receita da empresa Veleiro – que seria a maior prejudicada por rodar em localidades populosas como o Centro e o Vergel do Lago. Os dois bairros, além do Benedito Bentes, são considerados cruciais para os rodoviários pois existe alta concentração de passageiros e, por consequência, transportadores clandestinos.

Para comentar a situação, a equipe de reportagem tentou entrar em contato com os donos de empresas de transportes públicos. Durante a reunião, realizada de maneira separada entre o prefeito Rui Palmeira (PSDB) e cada entidade, os mesmos não puderam atender à imprensa pois estavam reunidos no momento com o gestor municipal.

João Urtiga / Alagoas 24 Horas

Charles Alves, diretor de permissões da SMTT, fala em esforço coletivo com Arsal para diminuir ação de clandestinos

Em resposta à cobrança de maior fiscalização por parte do poder público municipal, o diretor de permissões da SMTT, Charles Alves, disse que a dimensão do problema é maior do que o relatado pelos rodoviários e exige ainda esforço coletivo com outros órgãos como a Agência Reguladora de Serviços Públicos (Arsal). “Hoje em dia temos poucos agentes, são cerca de 250 na SMTT. Todo os dias eles fazem apreensões, mas a proliferação de transportes é cada vez maior devido à crise econômica que vivemos”, informa o diretor.

Ainda segundo Charles Alves, a SMTT tem monitorado os lugares mais utilizados por esses condutores, mas a estratégia de abordagem só surte um efeito paliativo. “ A crise dos transportes é nacional e tem diversos fatores como vocês sabem. Hoje em dia você tem uma guerra pela clandestinidade, mas estamos planejando e evoluindo para minimizar isso”, disse.

Negociação

Caso a negociação entre rodoviários e classe patronal não surta o efeito desejado, os trabalhadores informam que a partir da próxima terça-feira (01) haverá nova paralisação em esquema de “rodízio” dos ônibus. A previsão do sindicato é de que na terça circulem apenas os coletivos da Veleiro e Real Alagoas, na quarta (02), rodarão os da Cidade de Maceió e São Francisco, e assim por diante. A estratégia tem por objetivo trazer o mínimo de prejuízo à população.

Saiba mais: Rodoviários se reúnem com prefeito para tentar acordo