Brasil

Vigia doa R$ 141 mil para hospital do câncer de RO juntando latinhas

Arquivo Pessoal

O vigia José Carlos juntando latinhas para doar para o Hospital de Amor Amazônia

Um brasileiro simples prova que não é preciso ter dinheiro para doar e ajudar. Basta ter atitude e boa intenção. E foi juntando latinhas que um vigia doou mais de R$ 141 mil para o Hospital de Amor Amazônia nos últimos 7 anos.

José Carlos Oliveira é servidor público há 26 anos em Cabixi, Rondônia. Com o pequeno salário que recebe ele tem que cuidar das contas da casa e da mãe doente.

“José Carlos é casado, e além de cuidar da família, e dedicar-se a filhos e netos, ele também ajuda a cuidar da mãe idosa e um irmão doente”, contou Maria de Lourdes Andrade de Carli, Coordenadora do Leilão Direito de Viver em Cabixi.

Doações crescem ano a ano

Mesmo assim, neste ano de 2021, o vigilante depositou mais de R$ 41 mil para o Hospital de Amor Amazônia e superou suas metas anteriores, conforme a Coordenação e Organização do Leilão Direito de Viver de Cabixi.

No primeiro ano da campanha, em 2015, o vigilante arrecadou R$ 7,5 mil.

Em 2016 foram mais de R$ 18,5 mil.

Em 2017 a doação atingiu R$ 17,9 mil.

Em 2018 R$ 18.3 mil

Em 2019 pulou para R$ 20.1 mil.

Em 2020, ano que iniciou a pandemia a doação caiu para R$ 17,4 mil.

E neste ano a doação salvou para o recorde de R$ 41.310,74.

Como teve a ideia

Ele teve a ideia de ajudar o hospital quando passou por um problema de saúde. José Carlos agendou uma consulta com um cardiologista e foi orientado pelo médico a fazer caminhada matinal.

Andando pela cidade todas as manhãs, ele percebeu a grande quantidade de latinhas jogadas nas ruas e resolveu levar sacolas para recolher.

O vigilante fez então um propósito de também ajudar a salvar vidas, doando os valores arrecadados com a venda das latinhas para o leilão realizado em prol ao hospital de câncer, para ajudar no tratamento dos pacientes.

Depois, senhor Neném, como é conhecido, resolveu recolher também nas horas vagas e dias em que não estaria de plantão, inclusive nos fins de semana.

Aí passou a recolher latinhas o ano inteiro, em residências, festas e bares da cidade e em todo o município, sítios e distritos.

Criou pontos de coleta

Com o projeto Reciclagem e Artesanato, José Carlos recolhe também ferros e faz artesanatos em pneus para enfeites de jardim, e todo o valor arrecadado é repassado para o leilão.

Ele também criou pontos de coleta com máquinas de lavar roupas velhas, com adesivos colados para pedir doações de latinhas.

E eram tantas que José Carlos passou a utilizar um terreno como depósito, onde muitos amigos e colaboradores deixam latinhas para contribuir com o trabalho dele.

Hoje ele também conta com a ajuda da esposa, filhos, netos e familiares.

Lourdes conta que José Carlos Oliveira tinha na cidade o apelido de “Neném matador’, porque antigamente abatia bovinos para os açougues da região. Hoje, ele é conhecido como “Neném das latinhas”.

Reconhecimento merecido

No encerramento do 14º Leilão Direito de Viver de Cabixi, realizado no dia 12 de setembro, de forma virtual, um grupo de amigos fez uma surpresa para o dedicado colaborador desta causa nobre.

O seu Neném foi convidado para anunciar o resultado de sua arrecadação/doação do ano de 2021 e, como em todos os anos, seguiu para o evento imaginando que seria apenas o encontro de prestação de contas que é um momento de muita transparência em todos os leilões do HC de Amor.

Mas nesta reunião, José Carlos ganho de presente uma moto CG Fan 160, 0 Km, adquirida pelo grupo de amigos denominado “Amigos do Bem”.

Os Amigos fizeram uma proposta para o neném de lhe entregarem a moto 0 km, e em troca ele também entregar a sua moto velha, para ser leiloada e o valor arrecadado ser doado para o hospital.

Ele aceitou a proposta e a moto bastante usada foi leiloada e arrematada pelo próprio grupo de amigos pelo valor de R$ 10, 000,00.

O depósito dele para guardar latinhas – Foto: arquivo pessoal

 

O cheque da doação mais recente do vigia – Foto: arquivo pessoal

 

Máquina de levar velha usada para coleta de latinhas – Foto: arquivo pessoal

 

José Carlos no mar de latinhas que junta – Foto: arquivo pessoal