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Juiz exige atividades educativas para infratores

Juiz cobrou medidas em visita as unidades de internação.

Assessoria

Juiz visitou unidades acompanhado pelo governador Teotonio Vilela.

Mínimo de oito horas diárias de atividades sócio-educativas para os jovens
infratores. Foi isso o que cobrou o juiz da Infância e da Juventude,
Fernando Tourinho de Omena Souza, durante a fiscalização realizada, na
manhã de hoje, nas unidades de internação da Capital. Apesar de haver
espaço físico, as oficinas estão desativadas, deixando os menores ociosos.

Essa é uma das reclamações recorrentes do magistrado e dos próprios
educandos. Muitos contaram ao juiz o que vem se passando na unidade,
inclusive, afirmaram que sofrem maus-tratos por parte da polícia e de
alguns monitores. Eles disseram que têm apenas uma hora de atividades e
muitas vezes são impedidos do “habitual” banho de sol. Fernando Tourinho
disse que a mudança da direção da unidade masculina e o monitoramento do
governador Teotonio Vilela deveriam ser entendidos como um divisor de
águas, pois dali em diante ele iria ser ainda mais incisivo na cobrança de
melhorias.

A fiscalização nas unidades de internação foi acompanhada não só pelo
governador, mas também pela secretária da Mulher, da Cidadania e dos
Direitos Humanos, Wedna Miranda; pelo secretário de Defesa Social, Paulo
Rubim, presidente da Associação Alagoana de Magistrados (Almagis), juiz
Maurílio da Silva Ferraz e corregedor-geral da Justiça, desembargador
Sebastião Costa Filho.

Eles visitaram as instalações das cinco unidades da Capital, e viram que
poucos setores estavam funcionando a contento, como o posto médico e a
panificação, que foi inaugurada há pouco tempo. Na Unidade Masculina
(UIM), a comitiva foi recebida com música tocada por alguns jovens, o que,
segundo o menor A.S.M., não é tão comum, pois todos sabiam que hoje
haveria visita de membros do Judiciário e do Executivo. Fernando Tourinho
cobra atividades de escolarização, profissionalizante, cultura e lazer,
para que “as crianças e os adolescentes não saiam de lá piores do que
quando entraram”. A sala de informática, por exemplo, dispõe de seis
computadores antigos, mas, apenas dois funcionam.

Uma outra questão apontada pelo juiz foi a grande quantidade de fugas,
pois mais de 20 jovens fugiram das unidades da Capital nos últimos dois
anos. “Os garotos estão fugindo, inclusive, jovens infratores de alta
periculosidade. Isso não é nada razoável, daqui a um mês voltaremos para
acompanhar as mudanças”, frisou o juiz.

Tourinho havia determinado que a secretária Wedna Miranda preparasse um
plano de gestão das unidades. O projeto a gestora entregou, mas o juiz
sentiu falta dos prazos. “O plano é belíssimo, doutora, mas não apresenta
prazo para cumprimento das ações”, ponderou o magistrado. Um mês foi o
tempo determinado para que a secretária apresente um cronograma de
implementação das atividades.

Atualmente, as unidades abrigam 111 jovens: 43 na Unidade de Internação
Masculina, 32 na Provisória, 13 na de Jovens e Adultos, 7 na feminina e 16
na de Semi-liberdade. Roubo qualificado (com violência), homicídio e
atentado ao pudor são alguns dos atos infracionais praticados pelas
crianças e adolescentes internos. De acordo com o juiz, 40% dos jovens vêm
do interior do Estado.