Polícia

PC diz que não foi comunicada oficialmente sobre denúncias de pais de garoto morto

Os pais do menino Danilo Almeida, de 7 anos, disseram que foram torturados e obrigados a prestar novos depoimentos por 9 horas seguidas e acusados de cometer o crime

Reprodução / TV Alagoas

Dacinéia Almeida

Após os familiares do menino Danilo Almeida, de 7 anos – morto de forma violenta no último sábado (12), no bairro do Clima Bom, na parte alta de Maceió – denunciarem excessos na conduta da equipe que investiga o caso, a Polícia Civil de Alagoas (PC/AL) se manifestou por meio de nota de esclarecimento, dizendo que não foram comunicados oficialmente sobre as queixas do casal.

Dacinéia Almeida e o marido, padrasto da vítima, José Roberto, disseram em entrevista à TV Ponta Verde que na noite de ontem (15), foram obrigados a prestar novos esclarecimentos à equipe do delegado Bruno Emílio na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro de Chã Bebedouro e, segundo eles, chegaram por volta das 19h, mas só foram liberados às 4h.

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Na comunicação oficial, a assessoria da PC/AL justifica que os novos depoimentos dos pais da criança foram solicitados por uma psicóloga que acompanha o irmão gêmeo da vítima e que a profissional gostaria de ter “a contextualização mais ampla das pessoas que tinham uma relação mais próxima com a vítima”.

A nota segue ainda dizendo que quaisquer denúncias envolvendo possível desvio de conduta de integrantes da instituição são “devidamente apuradas, desde que comunicadas oficialmente”, o que pode ser feito através da  Corregedoria de Polícia Civil e da Ouvidoria de Polícia Civil.

Leia na íntegra:

Nota de esclarecimento

A direção da Polícia Civil de Alagoas, em virtude de acusação de supostas agressões, atribuídas a policiais civis, e que teriam ocorrido em uma delegacia de polícia da Capital, esclarece que quaisquer denúncias envolvendo possível desvio de conduta de integrantes da instituição são devidamente apuradas, desde que comunicadas oficialmente.

Adianta ainda que a mãe e o padrasto do menino Danilo Almeida, de 7 anos, foram encaminhados à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) a pedido da psicóloga que ouvia o irmão gêmeo do garoto morto, pois ela queria ter a contextualização mais ampla das pessoas que tinham uma relação mais próxima com a vítima.

A Polícia Civil de Alagoas esclarece também que possui dois canais internos para onde podem ser encaminhadas tais denúncias: a Corregedoria de Polícia Civil, localizada na Avenida Comendador Leão, no bairro do Poço, e a Ouvidoria de Polícia Civil, situada no Complexo de Delegacias Especializadas (Code), na Avenida Gustavo Paiva, em Mangabeiras.

Ainda durante a entrevista, o casal contou que foi separado, colocados em salas distintas, e o padrasto foi acusado de ter cometido o crime e induzido a confessar. A mulher, muito abalada e em estado de choque, relatou que em alguns momentos foi dito a ela que o marido havia assumido a autoria do crime e pedido que ela “falasse a verdade”.

Reprodução / TV Alagoas

José Roberto

A mulher disse também que foi torturada, tratada de forma grosseira e que teve palavras ofensivas direcionadas a ela. “Eles ficavam dizendo: ‘não minta não. Conte a verdade. Não minta não.’, e pegaram um fio para querer dar um choque elétrico em mim, disseram que iam me colocar na cadeia, no presídio, e que iriam colocar fogo na minha casa. […] disseram que iam contar pra todo mundo que tinha sido eu que fiz aquilo com meu filho, […] disseram que eu era psicopata e deram um tapa nas minhas costas”, relatou enquanto executava movimentos repetitivos.

Já o marido, que é mecânico e está casado com Dacinéia há um ano, disse que agora teme ser morto. “Eu agora estou pedindo justiça sobre isto, porque isto não pode ficar impune. É uma dor em cima da outra. […] Eu não fiz nada e agora é a justiça do céu que vai falar. […] Eu vou carregar esse peso pelo resto da vida”, contou.

A família ainda não tem representante legal e deve procurar o Ministério Público Estadual (MP/AL) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Alagoas, que já se manifestou dizendo que só vai se pronunciar sobre o caso após se reunir com a Delegacia Geral da Polícia Civil.