‘Ciúme possessivo’, diz amiga de estudante morta por PM em festa

Amiga diz que casal teve duas discussões por ciúmes na festa. Estudante já havia registrado queixa contra policial por ameaça.

Reprodução/TV GloboO policial ao lado da estudante de direito durante a festa em SP.

O policial ao lado da estudante de direito durante a festa em SP.

Uma amiga da estudante Mariana Angélica, 22 anos, morta por um policial durante uma festa universitária em São José dos Campos, afirma que o relacionamento da jovem com Welington Landim, autor do crime, era marcado por ciúmes.

Jéssica Rodrigues, de 21 anos, afirma que foi à festa no mesmo carro que Mariana e Welington, que se matou depois de atirar contra a jovem. A jovem afirma que amigos apartaram duas brigas entre o casal na festa antes do crime. “Ele era doente por ela, tinha necessidade de estar com ela. Ele falava repetidas vezes que não imagina a vida dele sem ela”, afirmou.

Jéssica e Mariana estavam no quarto ano do curso de Direito da Universidade do Vale do Paraíba (Univap) e participavam de um dos churrascos pré-formatura. Ela conta que Welington e Mariana estavam juntos, mas que o relacionamento não era assumido, porque a família da jovem não aceitava a relação depois de perceber o comportamento estranho do rapaz com a moça.

A amiga de Mariana disse que Welington chegou a discutir com um rapaz logo no início da festa. Ele suspeitou que o jovem estivesse olhando para a estudante. “A primeira discussão foi quando ela estava na fila da bebida e ele achou que um rapaz estava olhando para ela. Ele ameaçou dizendo que era PM e que ia ‘acabar’ com o moço e nós apartamos”, disse.

O vídeo que mostra os dois juntos cantando foi gravado momentos depois da discussão. Eles estavam acompanhados de outros dois casais que, segundo a amiga, passaram toda a festa juntos. Welington era o motorista do grupo e, por isso, não teria bebido.

Jéssica diz que a segunda discussão foi também por ciúmes. Ela e Mariana dançavam quando um jovem teria olhado para trás para chamar outra pessoa e ele desconfiou que ele conversava com Mariana. Depois da discussão, o namorado de Jéssica teria saído com Welington da pista de dança para acalmá-lo enquanto elas conversavam.

Minutos depois, Welington teria voltado para falar com Mariana, mas foi abordado por um segurança que perguntou se a vítima estava sendo importunada pelo rapaz, depois das outras discussões. Ele ameaçou o segurança, alertando que era PM e continuou a conversa com a estudante.

“Mesmo com a intervenção do segurança ele se manteve calmo e ela também. Estavam conversando. Nós estávamos na frente, mas não conseguíamos ouvir o que eles falavam. Eu não percebi o momento em que ele sacou a arma, foi muito rápido. Ela disse algo para ele e eu ouvi o tiro e a vi caindo”, disse Jéssica. Depois do disparo, a jovem diz que entrou em estado de choque.

O advogado Jamil José Saab da empresa Atlas Imagem & Cia, uma das organizadoras da festa, disse que os seguranças pediram para o policial, que seria convidado da estudante, não entrar armado no local. O homem, porém, teria se recusado a deixar o revólver no carro, alegando que por ser policial, poderia permanecer armado no evento. Apesar da alegação, a amiga afirma que em nenhum momento ele passou por revista e que não sabiam que ele estava armado até a morte da jovem.

Relacionamento

A amiga conta que o relacionamento era marcado por brigas e pelo ciúmes doentio do PM, mas que ele nunca havia apresentado sinais de violência contra a jovem.

Apesar disso, Mariana havia registrado um boletim de ocorrência de ameaça contra Welington em fevereiro deste ano. O boletim foi depois de um áudio enviado pelo então ex-namorado em que ele dizia que ‘daria uns tiros nela’. Ela conseguiu uma medida protetiva que exigia que mantivesse distância mínima de 300 metros da jovem.

“Ele não suportava o rompimento. A medida não era porque ele era violento, apesar da mensagem, mas para ele não ir mais atrás dela, que estava encontrando com outras pessoas. Só que ela era apaixonado por ela, namoraram por muito tempo e ela acabou voltando”.

A amiga conta que a separação foi depois que Mariana teria descoberto uma traição. No período em que ela e Welington ficaram separados, o PM teria passado por um quadro de depressão.

“A gente alertava, mas eu não conseguia ver a relação como abusiva. Era um ciúme doentio, uma possessão. Mas ela o entendia pelos problemas psicológicos que ele tinha. A gente não imaginava esse fim”, lamenta.

Fonte: G1

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