Maternidades: Defensoria constata que médico fez 22 cesarianas em único plantão

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João Urtiga / Alagoas 24 Horas

A Defensoria Pública de Alagoas, por meio do defensor Fabrício Leão Souto, recebeu na manhã desta quarta-feira (26), representantes das secretarias de Saúde Municipal, Estadual e gestores das unidades hospitalares para discutir os problemas recentes enfrentados por parturientes na busca por atendimento nas principais maternidades da capital alagoana. Entre as denúncias, uma que chamou a atenção do defensor foi o fato de um médico ter realizado 22 cesáreas durante o plantão. Ou seja, em 24 horas de trabalho, o cálculo revela que as cirurgias foram feitas em pouco menos de um hora.

Essa é a segunda reunião realizada após uma série de inspeções em hospitais e maternidades ocorridas durante o final de semana. A movimentação se deu após o incidente registrado no Hospital Universitário (HU), no último dia 21, em que a unidade fechou a ala obstétrica ao registrar a queda de parte do forro de gesso localizado no sexto andar.

De acordo com o defensor, o objetivo das visitas foi realizar um diagnóstico do sistema público e evitar que o atendimento seja suspenso, ou mesmo que as pacientes sejam transferidas sem a devida informação do Complexo Regulador de Assistência de Maceió (Cora).

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João Urtiga / Alagoas 24 Horas

“Existem vários relatos, mas não houve um tipo de acusação, nem alguma coisa desse tipo, mas por exemplo, cirurgias eletivas que poderiam ser feitas, administradas e marcadas com o tempo estavam sendo feitas durante o plantão, que é um momento reservado para urgência e emergência. Então você está utilizando um material que você poderia administrar para o futuro, em vez de fazer o procedimento de forma marcada”, diz o defensor.

O local de trabalho e o nome do profissional não foram revelados, mas o defensor garante que o mesmo profissional foi afastado pela própria equipe do hospital após ser monitorado pelas câmeras da unidade de saúde. Ficou constatado nas imagens o aumento de atendimentos realizados durante os finais de semana em dias em que a demanda por atendimento deveria ser menor. “Estamos continuando o trabalho de dimensionar a situação grave que estão passando as maternidades, levantando as informações e os problemas que são muito amplos, crônicos e graves”, conclui o defensor.

Uma nova reunião com gestores públicos e privados deve ser realizada. Agora as unidades de saúde possuem dois dias para formalizar todos os problemas enfrentados pelos gestores.

Quantidade insuficiente de leitos

Segundo levantamento do diretor de Regulação, Controle e Avaliação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Deraldo Lima de Souza, Maceió conta com 270 leitos para atender toda a demanda da cidade e também do interior, já que a transferência de pacientes para a capital também se traduz em outro problema repassado para a Defensoria Pública. Com isso, unidades como o HU e a Maternidade Escola Santa Mônica podem ficar novamente sobrecarregadas.

Em entrevista ao Alagoas 24 Horas, o governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB), disse que está tentando minimizar essa situação. Ele ressaltou que a quantidade de leitos foi praticamente dobrada durante a sua gestão. “Nunca fechou nenhum leito, desde que eu entrei só abriu. O que havia é a necessidade de convocar mais gente para concurso e eu convoquei. Eles têm 30 dias para se apresentar. E quando eles se apresentarem nós vamos abrir os últimos 26 leitos da Santa Mônica, que antes antes era lotada”, assegurou o governador.

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