TAVI: moderna técnica é alternativa para tratar pacientes idosos

Santa Casa de Maceió

Cardiologistas intervencionistas Leilton Luna, Amilson Pacheco, Evandro Martins e o moderno fluoroscopio

O Serviço de Hemodinâmica da Santa Casa de Maceió realizou esta semana o terceiro implante valvular aórtico transcateter de sua história. A paciente, uma senhora de 80 anos com uma grave estenose (estreitamento) na válvula aórtica, se recupera bem e em casa. A válvula aórtica permite o fluxo de sangue do ventrículo esquerdo do coração até a aorta, e dela para o corpo.

“A estenose impede a abertura correta da válvula, forçando o coração a trabalhar mais. Nos casos mais graves, principalmente em idosos, pode levar à morte súbita”, alerta o cardiologista intervencionista Evandro Martins, responsável pela cirurgia e por trazer essa moderna técnica para a Santa Casa de Maceió.

No implante valvular aórtico transcateter (Tavi, pela sigla em inglês) a válvula aórtica doente recebe uma prótese autoexpansível fabricada nos Estados Unidos.

O implante da prótese ocorre por meio de um cateter, que é inserido através de um pequeno “furo” ou punção na virilha, a fim de evitar incisões para abertura do tórax. A nova técnica também dispensa a parada cardíaca temporária, realizada no procedimento cirúrgico convencional.

Um cateter percorre as artérias levando a prótese em forma de malha até a válvula, envolvendo-a. A partir de então, a prótese passa a fazer parte do organismo sem apresentar rejeição.

 Pré-exame e implante 

O implante valvular aórtico transcateter (Tavi) envolve mais de 15 profissionais, entre cardiologistas intervencionistas e ecocardiografistas, cirurgião cardíaco, anestesista, intensivista, radiologista, cardiologistas clínicos e uma equipe de apoio com a expertise para realizar este delicado procedimento.

A tomografia do coração é a primeira etapa, envolvendo dez profissionais na avaliação do paciente. Este cuidadoso exame é realizado em Alagoas pela radiologista Roberta Nolasco, sendo a Santa Casa de Maceió um dos dois centros especializados aptos a realizá-lo.

A tomografia do coração também é utilizada na execução do procedimento e na fabricação da prótese autoexpansível.

O exame é enviado aos Estados Unidos, onde a prótese é confeccionada sob medida para cada paciente.

“A tomografia pode também contraindicar sua realização, informando que o paciente não é elegível para o procedimento”, explicou o cardiologista intervencionista Evandro Martins.

Vale destacar ainda a importância do ecocardiograma intra-operatório na execução do Tavi.

“Por meio dele, o ecocardiografista informa ao hemodinamicista (executante da Tavi) sobre o ideal posicionamento para liberação da prótese, entre outras informações que contribuem para o melhor resultado a curto e médio prazo da Tavi”, informa o cardiologista e ecocardiografista Lucyano Fausto, que juntamente com o renomado especialista Carlos Macias, tem se dedicado a todos os procedimentos realizados na Santa Casa de Maceió.

“A disfunção da válvula aórtica é uma doença que leva à falta de ar, cansaço, dor no peito, desmaios e muitas vezes à morte dos pacientes”, alerta o cardiologista intervencionista Leilton Luna, responsável pelo Serviço de Hemodinâmica da Santa Casa de Maceió. “É preciso estar atento aos sintomas”, acrescentou.

TAVI: sem precisar abrir o peito, paciente tem rápida recuperação

Santa Casa de Maceió

Cateter guia prótese autoexpansível, em forma de malha, até envolver a válvula aórtica doente, que na imagem não é visível

Por ser minimamente invasivo, o implante valvular aórtico transcateter (Tavi) apresenta duas vantagens principais: a rápida recuperação do paciente e o uso de anestesia superficial.

No caso da paciente octogenária, assistida na Santa Casa de Maceió esta semana, ela saiu acordada do Serviço de Hemodinâmica logo após o procedimento. “Em alguns casos, a anestesia pode ser substituída por sedação leve”, diz o especialista Evandro Martins.

Quanto à recuperação precoce, a técnica permite que na maioria das vezes o paciente tenha alta em até dois dias, sendo 24 horas na UTI e igual período no leito.

Já na cirurgia convencional (aberta) são no mínimo quatro dias de UTI (se não houver intercorrências), uma semana de recuperação no leito e 1 mês para o paciente voltar à rotina normal.

Apresentado na França em 2002, o implante valvular aórtico transcateter foi aprovado pela Agência Nacional de Saúde (ANS) em 2008. Em 2017, o primeiro alagoano era beneficiado com a técnica na Santa Casa de Maceió.

É uma alternativa para pacientes idosos com risco de morte muito elevado se submetidos ao procedimento cirúrgico tradicional, porém, ainda não é utilizada em outros casos.

O procedimento, que até então era limitado aos hospitais do eixo Sul-Sudeste, com poucos casos no Norte-Nordeste, agora está acessível aos alagoanos. “Esta avançada técnica simboliza o pioneirismo da Santa Casa de Maceió, consolidada como referência em cardiologia em Alagoas e no Brasil”, comemora Leilton Luna. Segundo ele, o estreitamento da válvula aórtica ocorre ao longo do tempo, sendo mais prevalente em idosos e acometendo entre 3% e 5% dos idosos acima de 75 anos.

Fonte: Santa Casa de Maceió

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