Jovem com transtornos mentais anuncia falsas vagas de emprego e atrai milhares de pessoas em Recife

Parentes entregaram laudo médico na delegacia do município. E informaram que ele não aceita o tratamento e não toma os remédios prescritos para controlar o transtorno

Thiago Augustto/TV Globo

Candidatos a vagas de emprego em shopping chegaram cedo para tentar entregar currículos ou passar pela seleção, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife

A família do jovem de 22 anos que divulgou supostas vagas de emprego na construção de um shopping no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, fazendo com que milhares de pessoas formassem uma longa fila para entregar currículos nesta terça (20), afirmou à polícia que ele sofre de transtornos mentais. Parentes de Vitor Souza foram até a delegacia do município para entregar um laudo médico ao delegado Mamedes Xavier.

“A família disse que estava envergonhada e que ele nunca fez nada nesse nível, mas também informou que ele não aceita o tratamento e não toma os remédios prescritos para controlar o transtorno”, explicou, complementando que o jovem recebe tratamento psiquiátrico no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) do Cabo de Santo Agostinho desde 2016.

O delegado informou, ainda, que a família foi à delegacia temendo que houvesse alguma repercussão jurídica, mas o caso foge da esfera de atuação da polícia.

“Ele é muito novo, tem 22 anos, é comerciante, dono de uma ótica no Cabo. Em tese, ele seria semi-imputável, porque não houve registro de boletim de ocorrência, então não há vítima. Isso foge da esfera da polícia, que apura a questão penal”, disse.

As pessoas que foram até o local em busca de emprego foram informadas de que a seleção seria para a construção de um shopping em um terreno localizado na BR-101, em uma área onde ficam fábricas de grande porte.

Reprodução / TV Globo

Vitor Souza se apresentou como responsável pela construção de um shopping no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife

Vitor Souza se apresentou como dono do empreendimento e responsável pela contratação dos trabalhadores. Ele disse que alugou os galpões localizados no complexo industrial do município 15 dias antes da suposta seleção e que apresentou à prefeitura um projeto para reforma do espaço.

Como pretendia começar a obra na sexta-feira (23) e terminá-la em 22 horas, cada contrato teria vigência de 12 horas. A prefeitura do Cabo de Santo Agostinho, no entanto, informou que não há projeto ou pedido de licença para construção do shopping no município.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo do Cabo de Santo Agostinho, Moshe Caminha, a prefeitura se solidariza com as pessoas que foram ao local, mas não há manifestação de empresários para a construção do referido shopping.

“Não existe nenhuma manifestação de empresas para a construção de um empreendimento desse porte. A gente até convida os empresários que queiram empreender no município que venham aqui, mas tudo dentro da legalidade. A área do suposto shopping trata-se de uma área industrial, que precisa de um estudo preliminar com laudos e vistorias ambientais sobre os impactos que se pode causar ali”, afirmou.

Fonte: G1 PE

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