Arbitragem intolerante com reclamações aumenta cartões, mas CBF defende medida

Rubens Chiri/saopaulofc.netLuís Fabiano foi expulso por reclamação na partida contra o Sport. Apenas mais um caso.

Luís Fabiano foi expulso por reclamação na partida contra o Sport. Apenas mais um caso.

A nova orientação da CBF aos árbitros do Campeonato Brasileiro ainda não está totalmente assimilada pelos jogadores e técnicos dos 20 times do torneio. A ordem é tolerância zero com quem de alguma forma questiona a autoridade do árbitro. Para muitos atletas há um exagero. O resultado com 15 rodadas disputadas até aqui é um aumento na média de cartões aplicados, mas também na média de bola rolando por jogo.

No ano passado, a média de cartões amarelos foi de 4,5 por partida. Neste ano já está em 5,2. Os vermelhos também aumentaram. Em 2014 foi 0,2 por jogo. Em 15 rodadas até aqui nesta edição, a média de expulsões é de 0,3 por partida. Em compensação, a média de jogos com 60 minutos ou mais de bola rolando aumentou. Apesar disso, os jogadores e técnicos estão se adaptando à “lei da mordaça”.

O meia Diego Souza, do Sport, enfrentou o Fluminense na sexta rodada no Maracanã e dois rivais, Wellington Silva e Marcos Junio, foram advertidos com cartão amarelo por reclamação com o árbitro. Depois do jogo, ele questionou a postura dos árbitros.

“Você vai perguntar ‘professor, o que aconteceu?’ e ele já vira [gritando] baixa o braço. É uma coisa tão robótica, que se você pergunta ‘você está bem, sua mãe está bem’ ele já fala pra você baixar a mão, não sei o que”, comentou.

Nas súmulas dos jogos do Brasileirão, o padrão adotado pelos árbitros para justificar os motivos para os cartões aplicados é o mesmo. No domingo (26), por exemplo, dois jogadores do Vasco receberam o amarelo “por protestar contra a decisão da arbitragem, por meio de gestos” na partida contra o Palmeiras. Quando a reclamação vai além do gesto, o vermelho tem sido o padrão.

O técnico Juan Carlos Osório, do São Paulo, já sofreu duas vezes com o problema. Na primeira, no intervalo do clássico contra o Palmeiras, ele esperou o árbitro Anderson Daronco nos vestiários do Allianz Parque para questionar um cartão dado a Bruno. Foi expulso. “Em outros lugares, como Inglaterra e EUA, podemos conversar como seres humanos. Pensei que no mundo do futebol poderíamos falar as coisas, mas se o árbitro é intocável, tem o direito de me expulsar”, disse, com um tom de ironia.

A CBF ouviu reclamações de clubes depois de casos como o de Osório e tenta evitar exageros. Já orientou os árbitros a manterem a regra, mas sendo mais tolerantes com reclamações respeitosas. “Todos os árbitros não devem tolerar desrespeito e atos de indisciplina de qualquer natureza às regras do futebol”, informou a circular da entidade enviada aos clubes no início do campeonato.

A entidade argumenta que muitos jogadores e técnicos entenderam a proposta e por isso a média de bola rolando está aumentando em relação a 2014. Com menos reclamações, o jogo fica menos tempo parado e o jogo flui. Veja o que diz o consultor de arbitragem da CBF, José Roberto Wright.

A Anaf (Associação Nacional de Árbitros de Futebol) disse em nota que “reitera a sua posição em favor do respeito à arbitragem e pede mais rigor às punições por reclamação, seja antes ou depois dos jogos por jogador, técnico ou dirigente que esbravejarem contra os árbitros”.

Fonte: iG

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