MPT flagra exploração do trabalho infantil no lixão de Atalaia

Dois adolescentes coletavam resíduos com outros catadores, junto a lixo hospitalar descartado de forma irregular; procuradora notificou Conselho Tutelar e município a coibirem irregularidades

Ascom MPTMPT flagra exploração do trabalho infantil no lixão de Atalaia

MPT flagra exploração do trabalho infantil no lixão de Atalaia

Uma fiscalização realizada na manhã da última terça-feira, 3, pelo Ministério Público do Trabalho em Alagoas, voltou a constatar a exploração do trabalho infantil no estado. Dois adolescentes, com aparência de idade entre 14 e 15 anos, foram encontrados trabalhando no lixão do município de Atalaia, interior do estado.

Os dois adolescentes, que faziam a coleta de resíduos junto com alguns adultos, fugiram com a chegada da equipe do MPT. O pai de um dos adolescentes, que também faz coleta no local, informou que o filho frequenta a escola, mas confessou que leva o adolescente até o lixão para não o deixar na ociosidade. Já a mãe do outro adolescente encontrado no local disse que o filho coleta os resíduos porque não quer estudar.

Durante a fiscalização no lixão de Atalaia, a equipe do MPT flagrou outro perigo: o despejo irregular de lixo hospitalar. Junto a resíduos comuns, catadores manuseavam embalagens de medicamentos intravenosos e sondas com sangue, sem utilizar luvas e nenhum outro equipamento de proteção.

A procuradora do Trabalho Rosemeire Lobo acompanhou a fiscalização e notificou o Conselho Tutelar do município de Atalaia a apresentar, dentro de um mês, um relatório detalhado de todas as atividades realizadas em favor da proteção de crianças e adolescentes da região. O Conselho Tutelar reconheceu que não desenvolve trabalho de fiscalização no lixão do município, mas informou que notificou os pais de crianças das regiões próximas a não frequentarem o lixão.

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O município de Atalaia também foi notificado a comprovar que participa de um consórcio intermunicipal para a criação de um aterro sanitário comum. De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/10), todos os municípios brasileiros deveriam desativar seus lixões e implantar aterros sanitários até agosto de 2014. Em Alagoas, apenas o município de Maceió cumpre a medida.

Rosemeire Lobo afirmou que, em hipótese alguma, crianças e adolescentes devem se submeter a qualquer forma de trabalho degradante, principalmente ao trabalho em lixões, que consta no rol das piores formas de trabalho infantil, conforme a Convenção 182 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

O Ministério Público do Trabalho vem fiscalizando a atividade no lixão do município e cobrando com rigor a responsabilização dos gestores para garantir que crianças e adolescentes da região frequentem a escola e não se submetam a qualquer forma de exploração do trabalho infantil.

Trabalho infantil nos lixões

Pesquisas feitas pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) demonstram que existem crianças e adolescentes em lixões em cerca de 3.500 municípios brasileiros. Quase metade deles, 49%, está na Região Nordeste, 18% na Região Sudeste e 14% na Região Norte. A região Centro-Oeste é a que tem menos crianças em lixões, com 7% do total, seguida da Região Sul, com 12%.

As crianças e adolescentes também são expostos ao perigo do descarte irregular do lixo hospitalar. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 74% dos municípios brasileiros depositam lixo hospitalar a céu aberto, e apenas 57% separam os dejetos nos hospitais.

Ainda segundo a pesquisa do Unicef, em alguns lixões, mais de 30% das crianças em idade escolar nunca foram à escola.

 

Fonte: Ascom MPT

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