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A inconformidade dos conformados

A discussão sobre o uso ou não das algemas acalora os debates entre juristas e policiais, mas a discussão, hoje nacional, iniciou-se mesmo em Alagoas, em 2005, durante a Operação Gabiru.
Às portas da Polícia Federal, em Jaraguá, os vários lados da mesma história (jornalistas, advogados, políticos, enfim) procuravam compreender se as pulseiras de aço eram mesmo necessárias ou não.
Abuso, indecência, exagero, espetáculo e por aí vai. Eram as palavras mais entoadas, os versos mais rescaldados, todos direcionados à Polícia Federal. Lembrando: ali estavam prefeitos, empresários e laranjas presos, acusados de desviar dinheiro público da merenda escolar. Aquela nova comunidade de presos suscitava as discussões.
Agora, 2008, o tema retorna às tratativas: algemar ou não? É exagero? São tempos da escravidão?
Não é preciso ver a cor gasta nas palavras para entender que a tal da fiscalização aos trabalhos policiais, sobre o uso do objeto metálico, não vai abranger os miseráveis, estes os maiores beneficiados pelas algemas.
Serão os mais apadrinhados, os mais articulados, aqueles a não serem constrangidos por tamanha, claro, humilhação. Homens devem ser venerados; os pobres, negros, comparados aos escravos, como nossos teóricos supõem, citando ainda Machado de Assis, o negro tornado rico pelas circunstâncias brasileiras, continuarão a usar as algemas.
E ninguém se alteará em citar as célebres frases do Direito, sem pompa nem circunstância. Porque, dificilmente, a Polícia Militar se dignará a prender um rico, transportando ou não drogas; ou a Polícia Civil algemará um acusado de desvio de dinheiro público, geralmente astucioso e com “bons” instrumentos legais, diga-se: advogados. Ou um delegado alagoano continuará a torturar, com algemas e sem chamegos existenciais, aqueles os quais escolhe ou se apossa, e nunca ser punido pela Corregedoria da Polícia Civil.
Assim, aos deserdados, aos derrotados, aos não-cidadãos brasileiros, a todos aqueles iguais perante a lei, sobram as algemas.
Aos parlamentares nunca julgados, aos empresários corruptos, aos magistrados sabidos, estes mais iguais perante a Lei que os outros, sobram a honra de serem venerados ou aplaudidos. De pé, com gosto, e sem as algemas para não atrapalhar a organização social da Nação.

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