Adepol alega que a troca de delegado não vai conter escalada do crime em Pilar

A situação é de total desprezo na segurança pública de Alagoas com pouco investimento no setor, altos índices de homicídios e criminalidade, baixa porcentagem de assassinatos esclarecidos e o aumento da sensação de insegurança da população.

Os casos de assassinatos no Pilar que levaram ao clamor da população do município poderiam ser amenizados se duas medidas estivessem valendo na prática: A construção de uma base comunitária, para o policiamento mais ostensivo na região; e um sistema de bloqueio de sinal de celular nos presídios de Alagoas, uma recomendação de novembro do ano passado do Conselho Estadual de Segurança Pública (Conseg).

A acelerada violência em Pilar, onde existem rodovias com várias entradas, não é novidade para ninguém. Em junho deste ano, enquanto o Governo do Estado comemorava o aniversário do Brasil mais Seguro, o delegado Renivaldo Batista, titular da delegacia do município pediu a implantação de uma força tarefa e o procurador-geral de Justiça, Sérgio Jucá, traçava um plano para desafogar a quantidade assustadora de inquéritos parados desde 2004. Eram 347- 224 de homicídios.

A Adepol-AL (Associação dos Delegados de Polícia de Alagoas) ficou surpresa com o afastamento do delegado Renivaldo Batista de Pilar. A entidade confirma que a troca de delegado não adianta, nem tampouco estava entre os pedidos do Ministério Público, do Conseg e do Judiciário para conter a escalada do crime que ficou quase incontrolável e deixou Pilar na lista dos cem municípios mais violentos do Brasil.

Os números de crimes de homicídios no interior de Alagoas também comprovam que o afastamento do delegado Renivaldo Batista do posto de titular da delegacia de Pilar não deve contribuir em nada vai contribuir para melhoria na segurança pública, nem tampouco para combater o alto índice de assassinatos no município, principalmente porque as polícias Civil e Militar estão com efetivos e condições de trabalho no grau mais baixo já registrado na história do Estado.

A Polícia Civil tem apenas 11 policiais (um delegado, um escrivão e nove agentes) e uma viatura para atender o município de Pilar que possui 33 mil habitantes. A Adepol-AL vem denunciado a falta de estrutura nas delegacias e na área de segurança do Estado que se quer consegue dar condições de trabalho aos policiais.

Mesmo com pouca estrutura, o delegado Renivaldo Batista assumiu em maio com 53 homicídios sem autoria, após investigações conseguiu identificar um grupo de extermínio responsável pela maioria dos homicídios. Os acusados foram indiciados e suas prisões forma representadas ao Poder Judiciário, sendo decretadas e efetuadas as prisões. Atualmente, eles estão recolhidos na Baldomero Cavalcante.

Com o resultado desta ação do delegado e sua equipe, houve uma baixa no índice de criminalidade no município. A partir do final de julho, os homicídios aumentaram com forte ligação ao tráfico de drogas, como dívidas e disputas por ponto de venda.

Novas investigações também apontaram que os crimes estavam sendo praticados por queima de arquivo. Inclusive com ameaças de morte ao delegado e policiais, comprovadas através de cartas recebidas nas dependências da delegacia. O delegado ainda entregou uma cópia das correspondência à direção da Polícia Civil e outra ao promotor do município, Jorge Dória. Um informante procurou a polícia para dizer que as ameaças de morte vão se estender as autoridade que usam canetas no Pilar, que na linguagem do crime pode está se referindo ao juiz e ao promotor.

O delegado Renivaldo também estava respondendo pelas delegacias dos municípios de Satuba, Santa Luzia do Norte e Coqueiro Seco. Em Pilar em março deste ano com 380 inquéritos policiais, sendo a grande maioria casos de homicídios e ligados ao tráfico de drogas.

No total, segundo relato do delegado Renivaldo Batista, investigou e identificou os acusados em todos os inquéritos relacionados aos homicídios. Totalizando 54 representações criminais contra os acusados, sendo todas acatadas pela Justiça e cumpridas e resultou em prisões e fugas, que gerou uma nova onda de homicídio na região. "E qualquer trabalho policial realizado no Pilar, a parti de agora, passa por essas representações", disse delegado Renivaldo. Ele também vinha atingindo a meta estabelecida pelo Conseg: conclusão de 12 inquéritos por mês.

Outra constatação que pode provar que o simples fato de substituir delegado em Pilar não traz perspectivas de combate ao crime é o registro de homicídios que foram cometidos no município: 44 assassinatos, de janeiro de 2012 a março de 2013, e 54 assassinatos a partir de março, quando o delegado Renivaldo Batista assumiu a delegacia.

Segundo Antônio Carlos Lessa, presidente da Adepol, "O governo tem que urgentemente investir na segurança pública. É necessário interiorizar a polícia civil em Alagoas e o caos na segurança pública acontece na grande maioria dos municípios alagoanos. Não pode ser apenas uma troca de delegado a primeira medida adotada para combater a violência em qualquer município".

Fonte: Adepol

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