Servidores do Ministério da Justiça avaliam classificação indicativa de game (Foto: Gabriel Luiz/G1)
Para um grupo de 24 servidores do Ministério da Justiça, em vez de operação Lava Jato ou Polícia Federal, o que importa é filme, novela e videogame. A fim de atribuir a chamada classificação indicativa (que determina qual faixa etária deve ter acesso a um determinado conteúdo), os funcionários têm de “testar” os produtos antes que cheguem às prateleiras do país. São eles os responsáveis por garantir que um produto chegue ao “público certo”.
Todos os artigos físicos, que serão vendidos em lojas, têm de passar pelo crivo do analista de 27 anos. Parte dos videogames virtuais, classificados previamente pelo desenvolvedor, também é “vistoriada”.
“Adoro videogame, mas jogar é o mínimo que faço aqui. A parte administrativa é a que mais demanda. Mas como é algo de que gosto, vale a pena”, afirmou o chefe, que conta com salário de R$ 7 mil por mês. “Algumas pessoas me pedem dicas de games, porém evito falar porque senão pode até atrapalhar o mercado”, brincou Vilela, falando ao lado de um PlayStation de última geração.
Para conseguir a vaga de estágio, o candidato tem de passar por pelo menos seis provas de redação – duas delas em inglês. “Boa parte do trabalho aqui vai ser escrever relatório, inclusive em outras línguas, explicando por que aquele jogo não é aconselhado a menores de 16 anos, por exemplo”, continuou Rafael Vilela.
Filme, novelas e programas de TV
Em 2015, o governo federal comemora 25 anos do sistema de classificação indicativa. Além de jogos, o setor do Ministério da Justiça também certifica se o conteúdo de filmes, novelas e programas de TV é próprio para crianças e adolescentes. Segundo o órgão, para qualquer tipo de produto é usado o mesmo padrão, que procura identificar pontos de sexo, nudez, violência ou uso de drogas no material.
O diretor do ministério estima que somente 10% do que passa pelos profissionais combina com o gosto pessoal da equipe. No entanto, ele revela que não são raras as vezes em que um servidor tenta mudar de turno porque quer assistir a um lançamento antes de o filme chegar às telas do cinema. Nesses dias, um dos nove lugares na sala de projeção digital – que exibe até em 3D e foi construída dentro do ministério – é motivo de disputa.
“Para evitar vazamento, às vezes a distribuidora do filme manda até um segurança que fica durante a sessão. Com certeza deve vir um para o próximo ‘Star Wars’”, contou Pires. “Até acontece de ver o mesmo filme depois com a família. Mas não tem problema: não perco meu encanto pelo cinema.”