Deborah Secco diz que recusou várias comédias: ‘Difícil achar bons roteiros’

Atriz diz que gênero é 'perigoso' e evitou filmes 'pobres e bobos'. Longa fala de mulheres 'sem feminismo exacerbado', diz. Ela considera adaptação de quadrinho seu 1º papel cômico no cinema.

Divulgação / André BrandãoDeborah Secco

Deborah Secco não acha graça de qualquer piada. Comédia é “território perigoso” para ela. A atriz demorou até achar um roteiro do gênero que “mexeu” com ela. Agora, Deborah se diverte nos bastidores de “Mulheres alteradas”, filme baseado nos quadrinhos de sucesso da argentina Maitena, após recusar vários convites – roteiros que ela achou “pobres e bobos”.

Ela já teve dois papeis de destaque em filmes que misturam comédia e ação – “Entrando numa roubada” (2015) e “Meu tio matou um cara” (2004). Mas “Mulheres alteradas”, que ela termina de filmar agora para sair no primeiro semestre do ano que vem, é o primeiro papel em que ela se joga de verdade num longa de comédia mais tradicional.

Deborah interpreta Keka, mulher que enfrenta uma crise no casamento com Dudu (Sérgio Guizé). “Mulheres alteradas” também tem no elenco Alessandra Negrini, Monica Iozzi e Maria Casadevall.

“Procurei muito uma boa comédia para fazer. Recusei muitas. Porque acho muito perigoso esse território. Ainda mais para mim, que não sou comediante”, disse a atriz em uma visita de jornalistas ao set do filme. Depois, ela explicou mais em conversa com o G1:

G1 – Você disse que recusou vários roteiros de comédias no cinema antes de aceitar ‘Mulheres alteradas’. Por quê?

Deborah Secco – Não sou comediante, e o cinema na minha carreira chegou depois. Meu primeiro sonho foi o drama. Acabei fazendo dois grandes personagens dramáticos no cinema [em referência a “Bruna Surfistinha” e “Boa sorte”]. E fiquei achando que faltava uma comédia.

u nunca tinha lido um roteiro que tivesse me seduzido e mobilizado. Quando me chamaram [para “Mulheres alteradas”] eu estava entrando em “Malhação”. Eu falei que adoraria, porque pela primeira vez li um roteiro que mexeu comigo. Eles falaram: “A gente te espera”. E deu certo.

A ansiedade de fazer tudo que aparece nunca foi meu fraco. E muito de eu ter topado fazer esse filme foi pela linguagem que o Luis [Pinheiro, diretor] tem de filmar. Não só pelo roteiro, mas por ser um filme diferente de tudo.

G1 – A [produtora] Andrea [Ribeiro] disse exatamente isso: que a ‘a ideia é ser popular, fazer sucesso’, mas sem ser ‘bobinho’.

Deborah Secco – Sim. Não é difícil de entender, mas talvez de registrar. É uma coisa que você nunca viu. A câmera anda por todos os lados, não corta. Achei muito interessante e desafiador. Por isso pedi para que eles esperassem, e eles toparam. E foi lindo.

G1 – O tema do filme, a posição da mulher na sociedade, está sendo muito discutido hoje, de forma séria e até agressiva. Você acha que é uma vantagem tratar disso de forma mais leve, cômica? Por outro lado, é mais arriscado fazer piada com isso?

São histórias de mulheres que se repetem há milhões de anos e vão se repetir daqui a milhões de anos: medo de amar, vontade de manter o casamento, falta de tempo por cuidar dos filhos, etc. Gosto muito da forma que o tema é abordado, que não é tão radical. A gente fala da mulher naturalmente, como ela é, era e será: em suas dúvidas, anseios, qualidades, defeitos.

G1 – Você já disse que busca trabalhos mais curtos, por causa de sua filha [Maria Flor, de 1 ano e meio]. Mesmo assim, quando foi filmar uma semana na Bahia, vi notícias de que você chorou ao encontrá-la no aeroporto. Achou que seria mais fácil?

Deborah Secco – Foi talvez um dos dias mais difíceis da minha vida. Mas esse filme também me seduziu muito porque eram quatro protagonistas. Em vez de serem dois meses fora de casa, foram oito dias. E falei: “Ok, oito dias dá.” Em princípio eu ia levá-la comigo, mas comecei a notar, nas poucas vezes que levei para outros trabalhos, que ela ficava com a rotina muito alterada – dormia mal, comia mal.

Então a gente criou uma estrutura com meu marido, minha mãe, e resolveu que ela ia ficar e a saudade ia ficar só comigo mesmo. Mas deu tudo certo. Chorei bastante, sofri bastante, mas estou viva. Tenho certeza que ela vai ficar orgulhosa de saber que eu fui vencedora nessa tarefa.

Fonte: G1

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