“Estava muito confiante, mas teve seus sonhos interrompidos” diz tia de vítima da Covid-19

Everton Leandro Galindo, de 26 anos, morreu vítima da Covid-19 — Foto: Reprodução/Facebook

Um rapaz, de 26 anos, é a vítima fatal mais jovem da Covid-19 em Presidente Prudente (SP), conforme informou ao G1 a Vigilância Epidemiológica Municipal (VEM). Everton Leandro Galindo era paciente renal crônico do Hospital Regional (HR). Ele testou positivo para o novo coronavírus no dia 29 de julho e faleceu no dia 19 de agosto.

Além da saudade, Everton deixou um legado a todos os familiares. Ensinou sobre esperança, amor ao próximo e a sonhar. Lutou por sua saúde incansavelmente, venceu muitas etapas e, até mesmo, a depressão. A saudade fica junto à certeza de que ele foi um guerreiro.

Jovem guerreiro

O jovem viveu aos cuidados da tia Cleonice Márcia Galindo, de 64 anos, por 13 anos. Ela, por se enquadrar no grupo de risco, teve de se afastar do sobrinho durante a pandemia. Mas, mesmo de longe, o acompanhava diariamente.

“Era um garoto amável, determinado, muito inteligente, alegre e consciente de suas limitações físicas. Nossa relação era de mãe e filho. Ele lutou antes da Covid-19, depois que contraiu a doença, lutou o tempo todo, até contra a depressão. Mesmo depois de ser diagnosticado com o coronavírus, ele estava muito confiante. Teve seus sonhos interrompidos“, disse Cleonice ao G1.

Por falar em sonhos, o maior desejo de Everton era de que chegasse ao Brasil o transplante renal artificial. A vontade de se curar sempre foi maior do que as batalhas impostas pela doença. O jovem era paciente renal crônico havia oito anos.

“Ele me ensinou que nunca devemos perder a esperança, não guardar mágoas e, acima de tudo, amar a Deus e aceitar seus desígnios. Com ele, aprendi que devemos amar ao próximo como a nós mesmos. Lidar com a perda tem sido muito triste”, falou a tia.

Bom irmão

Hérculis Leonardo Galindo, de 23 anos, irmão de Everton, contou ao G1 que enfrentar a perda tem sido difícil, ainda mais por se tratar de uma pessoa tão jovem.

“Ele viveu como um guerreiro. Mesmo com todos os problemas de saúde, sempre foi forte e encarava de frente. Não reclamava e sempre demonstrava amor pela vida. Sonhava em financiar uma casa, entre tantos outros desejos que não pôde realizar”, lembrou Galindo.

A relação entre eles era boa e agora restam apenas lembranças.

“Não foi fácil perder meu irmão, ainda mais ele sendo tão jovem. Sei que ele já sofria muito por conta dos problemas de saúde que possuía, sei que ele descansou, mas acredito que, se não fosse por conta da Covid-19, nós não o teríamos perdido”, lamentou ao G1.

Everton foi e continua sendo o exemplo de Galindo. Ensinou-lhe a valorizar a vida e as coisas boas que ela traz.

“A perda e o vazio estarão sempre comigo. Era o único irmão com quem eu podia contar. Mas ele me deixa de ensinamento que temos de valorizar ao máximo que pudermos os nossos amigos e família, pois a perda é de repente. Aprendi com ele o quanto é importante se cuidar e cuidar do próximo”, disse Galindo.

Vida vazia

Everton era paciente renal crônico no Hospital Regional — Foto: Reprodução/Facebook

Um menino cheio de vida. Era assim que a prima de Everton, Nathielli Caroline Galindo Moraes, de 28 anos, o via.

“Mesmo com sua doença, ele amava viver e lutava muito por isso. Ele tinha o sonho de receber sua aposentadoria e conhecer o mar, infelizmente ele não conseguiu realizá-lo. Descobrir que ele estava com Covid-19 foi muito difícil, mas a pior parte foi quando ele foi entubado e nós sabíamos que sua saúde era muito frágil para aguentar. Me agarrei com toda minha fé e pedi muito a Deus que ele ficasse bem, acho que de alguma forma ele ficou, finalmente descansou”, contou Nathielli ao G1.

A prima lamenta não ter tido tempo de falar a Everton tudo o que ele representava para ela, dizer sobre o quanto ela o amava.

“Minha mãe o adotou quando eu era adolescente, sou filha única e não foi fácil no começo, mas ele foi um irmão para mim”, ressaltou.

Nathielli ainda falou que a partida de Everton fez com que todos os primos se unissem para realizar o último desejo dele.

“Ele tinha o desejo se ser cremado e com nossa união juntamos o dinheiro para que isso acontecesse. Estamos esperando a pandemia acabar para soltar as cinzas. Como todos nós não podemos ir ao mar, que era o sonho dele conhecer, iremos fazer uma cerimônia em um rio próximo com todos que o amavam”, disse ao G1.

Com a perda, Nathielli também contou ao G1 que a vida ficou um pouco vazia, principalmente, por não ter sido possível se despedir de seu primo, por conta da Covid-19.

“Apesar de tudo, sabemos que ele foi para um lugar bom e sua partida trouxe muito aprendizado, principalmente que devemos nos amar e cuidar um do outro. Eu já sabia da importância do isolamento, mas, com essa perda, eu imploro para que todos sejam conscientes para que mais nenhuma vida seja perdida”, enfatizou ao G1.

Everton era paciente renal crônico no Hospital Regional — Foto: Reprodução/FacebookEverton era paciente renal crônico no Hospital Regional — Foto: Reprodução/Facebook
Fonte: G1

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