Sobrevivente do holocausto é vacinada contra Covid: ‘Nessa guerra não vemos o inimigo’

Raissa Prelipko, de 84 anos, foi vacinada contra a Covid-19 em Sorocaba — Foto: Arquivo pessoal

Uma sobrevivente do holocausto foi vacinada contra a Covid-19 em Sorocaba (SP) na manhã desta segunda-feira (1º). A russa Raissa Prelipko mora no município há 26 anos, mas está no Brasil desde 1948.

A família da idosa não era judia, mas ela foi levada por engano a Auschwitz, o maior campo de concentração da história, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Os documentos de Raissa foram perdidos na época e ela só foi libertada com as roupas do corpo.

Ao G1, a idosa contou que tem 84 anos, mas foi registrada com dois anos a menos e, por esta razão, precisou ser vacinada depois.

“Fui vacinada como se tivesse 82 anos. Meu padrasto fez o registro quando eu tinha 11 anos, como se eu estivesse com 9. Foi logo quando chegamos ao Brasil”, explica.

Ela foi vacinada no Shopping Cidade Sorocaba e comemorou o recebimento da primeira dose da vacina de Oxford/AstraZeneca. “A sensação é muito boa. Estou muito feliz, fiquei esperando o tempo todo. Só por Deus mesmo, que é uma bênção”, conta.

Vacinação ocorreu no Shopping Cidade em Sorocaba  — Foto: Arquivo pessoalVacinação ocorreu no Shopping Cidade em Sorocaba — Foto: Arquivo pessoal

De acordo com Raissa, a vacina veio como uma esperança diante da tristeza presente em tempos de pandemia. A idosa nunca testou positivo para a doença e faz o isolamento social com a ajuda dos dois filhos. Para ela, o único jeito de combater o coronavírus é cumprindo as medidas restritivas.

“A Guerra Mundial foi quando eu era criança, então eu não entendia muito o que estava acontecendo quando começou. Agora não, estou bem idosa e estou vendo a situação como está. Na guerra, a gente vê o inimigo e nessa guerra que nós estamos agora a gente não vê o inimigo.”

 

O atual marido de Raissa tem 90 anos e recebeu a primeira dose da vacina no início de fevereiro. A idosa tem dois filhos, seis netos e três bisnetos.

Auschwitz

 

O pai biológico de Raissa, Gregório, era funcionário de uma mina de carvão e foi convocado para apresentar-se ao exército soviético na época da guerra. Depois disso, a família nunca mais o viu e nem recebeu informações sobre seu paradeiro.

Quando entrou no campo de Auschwitz, Raissa não entendia o que os alemães falavam. “A gente tinha piolho, não tomava banho e nem comia. Depois jogavam roupas para nós de judeus que foram mortos.”

Em 1944, depois de o exército alemão ter separado os judeus dentro do campo, Raissa, a irmã e a mãe foram libertadas

Fonte: G1

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