Thaís Garayp deixou Engenharia para atuar após os 40 anos: “Construía prédios, hoje personagens”

Atriz de 'Paraíso Tropical' falou com Quem sobre a pandemia e o período de menos trabalhos, que a fez voltar para Minas Gerais

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Thaís Garayp

Thaís Garayp se alegra quando os frequentadores do clube onde se exercita, em Belo Horizonte, dizem que estão revendo seu trabalho na novela Paraíso Tropical, que está sendo reprisada pelo canal Viva.  A atriz – que voltou para sua terra natal por causa das paralisações em produções audiovisuais durante a pandemia – conta que interpretar Zoraide, a funcionária do lar do casal Antenor (Tony Ramos) e Ana Luísa (Renée de Vielmond) foi um presente em sua carreira.

“Reviver personagens é uma maravilha. Também é gostoso encontrar as pessoas e ela me falarem que estão me vendo de novo no Viva. É um prazer porque gosto muito do que eu faço. Para mim, a oportunidade de fazer um personagem e estar na telinha principalmente de um importante empresa como a Globo é uma realização. Sou formada em Engenhara Civil e quando me vi nesta caixa de sonhos – que é a televisão – e contracenando com os meus ídolos, fiquei muito emocionada e agradecida. O Tony Ramos e Renée de Vielmond são parte da história da TV brasileira. Dei muita sorte, graças a Deus. Sempre me encontrei e contracenei com grandes ícones da televisão”, celebra a atriz, de 61 anos.

Fazendo o isolamento social sozinha em sua casa, Thaís se emociona ao falar do período de pandemia. Para manter a mente sã, ela tem se exercitado, lido e assistido a muitas produções.

“Por causa da pandemia, vim para Minhas Gerais, onde nasci e fui criada. Aqui é mais fácil para sobreviver financeiramente sem contrato. Mas esse período de pandemia está terrível! A gente ficou preso dentro de casa, ainda mais eu que estou em uma idade de risco maior. Moro sozinha. Então, não foi fácil e não está sendo fácil. Mas a gente sempre arruma um jeito de sobreviver. Eu moro em frente a um clube, tenho ido me exercitar e socializar lá. Até mesmo porque se a gente ficar muito trancado dentro de casa, a gente enlouquece. Estou fazendo hidroginástica, academia e procuro exercitar a mente lendo e assistindo muita coisa. Adoro assistir cinema, novelas e ver as pessoas representarem.”

CARREIRA

Thaís começou a carreira de atriz após os 40. Antes disso, ela se formou em Engenharia Civil e trabalhou como funcionária pública.

“Comecei mais madura porque fui me formar em Engenharia Civil. Na minha época, você tinha que dar um diploma convencional para os seus pais. Como eu tinha facilidade para as exatas e a minha melhor amiga ia prestar vestibular para engenharia, lá fui eu. Consegui me formar e até trabalhar com Engenharia Civil. Costumo dizer que antes eu construía prédios e hoje personagens. Mas sempre soube que era artista. Acho que todo artista sabe. A questão é se ele dá chance a isso ou não. Quando apareceu a oportunidade eu mergulhei de cabeça. É mais forte do que tudo esse apelo da arte na gente. É o prazer da minha vida. Sempre tive trabalho graças a Deus, só agora que a coisa está difícil, mas espero que se lembrem de mim. Estou viva e doida para fazer um personagem”, explica.

Apesar dos altos e baixos comuns na profissão de ator, Thaís afirma que nunca pensou em desistir. Seu mais recente trabalho nas telinhas foi em Bom Sucesso, em 2019.

“Nunca pensei em desistir porque já cheguei madura. A própria vida vai te conduzindo a entender os momentos em que você está cheia de trabalho e os de espera… Chega uma hora em que você é menos chamada. O que é até bom porque é um momento de reflexão, para você reabastecer… Mas meu grande sonho é morrer atuando porque é a grande paixão da minha vida. E pretende combinar atuação com a música em um espetáculo. Desistir jamais.”

Os atores tiveram um grande baque neste atual momento, muitos acabaram descobrindo novos talentos, investindo em outras coisas. Como você tem feito para gerar renda neste momento?

Não investi em outra coisa porque ser atriz e cantora são minhas grandes paixões. Agora estou aproveitando para cuidar do corpo e da mente para chegar em uma velhice tranquila, saudável e lúcida que não me impeça de continuar trabalhando como atriz. Personagens de avós e mães estarão sempre aí. Estou aberta para todas as propostas. Teatro que por enquanto não está rolando. Eu ia fazer um texto com uma colega aqui de Belo Horizonte, mas por causa da pandemia as coisas pararam. Mas sempre estou cheia de planos. Quero fazer mais novelas e teatro. Minha vida é isso.

E como tem feito para não se abalar emocionalmente neste período de tanto caos e perdas?

Estou com a sensibilidade à flor da pele. A gente fica muito assustada e procura cultivar a fé. Cada um tem a sua fé. Eu creio em Deus e em vários santos. Tenho várias imagens aqui dos meus santos favoritos. Nossa Senhora Aparecida é uma delas. Nada como a fé para manter a gente com a cabeça no lugar com a emoção mais contida. Mas chorar a gente sempre vai, pelas perdas e por tudo. Mas tenho certeza que vamos sair dessa.

Você começou na TV após os 40. Quando se descobriu atriz e decidiu que iria fazer deste talento sua profissão?

Fui funcionária pública e engenheira civil. Mas a arte sempre esteve em mim.  Sempre cantei no coral da universidade e viajei o mundo com eles. Fui para festivais da Europa, Ásia… A arte na minha vida começou por meio da música. Sempre gostei muito de cantar e por meio da música que comecei a atuar no teatro quando fiz o musical do Mulheres de Holanda. Abrangia as músicas e obras do Chico Buarque de Holanda. Ali me descobri atriz. Um dia veio um produtor de elenco procurar novos talentos, fiz um teste e meses depois fui chamada para fazer a minha primeira novela, que foi como uma participação em da Cor do Pecado bem na cena do parto da Taís Araújo dentro de um ônibus, foi mágico. Quando cheguei na Globo, me senti em Hollywood. Ali tinha ainda mais certeza de que era com aquilo que queria trabalhar para o resto da minha vida.

Sente que existe um caminho mais árduo para a atriz mais madura em conseguir papeis na TV?

É muito árduo principalmente no audiovisual. Claro que existem papéis, mas é muito difícil até pelas dificuldades físicas da gente. É muito difícil para um ator envelhecer. Mas estou me cuidando para ter equilíbrio emocional e físico para seguir na minha carreira com dignidade.

Você fez Bom Sucesso em 2019 e daí veio essa loucura da pandemia. Já tem planos de voltar a atuar?

Amei fazer Bom Sucesso e contracenar com o Antonio Fagundes fazendo o meu patrão. Mais uma superestrela na minha vida. Ele é maravilhoso e não teve presente maior. Já fiz várias empregadas de confiança como em Bom Sucesso. Estou aberta para outras, assim como para personagens de mães, avós… Meu sonho é poder ir embora fazendo meu grande oficio. É o que eu sei fazer. Espero ser lembrada como uma boa operária que cumpriu sua função e mostrou o seu talento.

Fonte: Quem

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