Aline Dias diz que cenas de assédio deram novo olhar para a própria vida: “Foi uma autoanálise”

Reprodução/Instagram

Aline Dias fez uma espécie de autoanálise enquanto interpretava uma mulher que sofre assédio e violência sexual na série Não Foi Minha Culpa, do Star +. A atriz relembra que olhou de outra forma para episódios da própria vida após mergulhar no universo de sua personagem Ingrid.

“Fazer essa personagem foi uma autoanálise também de tudo o que já passei e que, antes, não estavam claras para mim como assédio ou violência. Minha personagem começa a história sofrendo assédio de homens que subestimam as mulheres no ambiente de trabalho. Ela é uma menina que sai do Piauí para uma cidade grande como São Paulo, com peito aberto para crescer na empresa, mas essa desenvoltura dela na vida é confundida com outra coisa. Ela só estava preocupada em fazer o trabalho dela. Isso me fez lembrar de trabalhos que tive antes de ser atriz, em que uma simpatia era confundida com um ‘eu quero você’. Foi muito forte fazer essa personagem tão necessária em um momento como o da pandemia, que aumentou a violência doméstica contra mulher”, conta.

Uma das cenas mais desafiadoras de Aline, neste trabalho, foi gravar uma cena de estupro coletivo. Ela ainda se emociona ao lembrar do momento.

“As pessoas me perguntam como foi a preparação. Não tem uma preparação. Cheguei a ver depoimento de pessoas que sofreram violência doméstica, mas é uma coisa tão pessoal. Minha personagem sofreu um estupro coletivo. É muito pesado. Graças a Deus, essa cena foi realizada sob o comando da maravilhosa Susanna Lira. Ela reuniu no set uma equipe de mulheres, que me acolheu muito. No dia da cena do estupro, ela disse que ia gravar a cena pelo olhar da câmera, que não ia expor a atriz e as outras mulheres que estavam presentes ali àquela violência, que já estava implícita. Foi tão lindo esse momento, que ainda me emociono ao falar. Todas as meninas se emocionaram. Teve gente que passou mal, porque se identificou com aquilo, mas uma mulher acolheu a outra. É importante mostrar essa força feminina e que a gente não pode se calar diante de nenhuma violência. Temos que estar unidas”, relembra.

Mãe de Bernardo, de 3 anos, Aline se preocupa em educar o filho para que ele respeite as mulheres e não se sinta privilegiado por ser homem. Isso inclui inseri-lo nas tarefas domésticas.

“Permito que o Bernardo explore cada situação da vida, porque as obrigações não dependem do gênero, são de todos. Então, deixo ele me ajudar a lavar uma louça, a arrumar o quarto, e a cortar o próprio pão no café da manhã. Claro que tudo com uma supervisão, por ele ser uma criança. Mas não o proíbo de explorar essas atividades. Não existe essa coisa de ‘universo feminino’ ou ‘universo masculino’. O homem tem que aprender que não tem que esperar nada mulher. Ela não é obrigada a nada. Mostro que ele não é privilegiado por ser homem. O que existe em uma relação a dois é o companheirismo nas tarefas domésticas e na criação de um filho”, conta.

Apesar de pequeno, o menino também entende a importância do trabalho para Aline. Ela explica que, desde novinho, ele entende que sua mãe precisa não só de um tempo para trabalhar como para ela.

“Ele sempre foi uma criança que aceitou ficar com qualquer pessoa. Então, nunca tive esse problema. Mas agora ele entende que a gente precisa ter o nosso momento. Toda vez que saio, converso com ele, acho importante. A gente subestima muito a criança, mas eles entendem. Digo: ‘Mamãe está indo trabalhar’. Ele me pergunta: ‘Por quê?’. Daí respondo que é porque a mamãe gosta de trabalhar, precisa e é atriz. Essa comunicação é essencial para o crescimento deles”, analisa.

Fonte: Quem

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