MC Bin Laden, dono do hit “Tá tranquilo, tá favorável”, abriu um processo contra a EA Sports, empresa criadora da série de games “Fifa”, pelo uso sem autorização da coreografia que ele criou para a música no jogo. Ele pede R$ 120 mil de indenização por danos morais e materiais.
O cantor revelou o processo ao podcast g1 ouviu. Ele falou sobre o sucesso em 2016 e sobre a tentativa de reorganizar a carreira, incluindo buscar direitos que alega não ter recebido, como no caso do game. Ouça abaixo:
Dancinha bombou em 2016
“Tá tranquilo, tá favorável” foi um dos maiores sucessos musicais do Brasil há sete anos. A coreografia feita pelo MC Bin Laden no clipe, cruzando os braços e fazendo o “sinal da Hang Loose, o famoso sinal do Ronaldinho”, citado na letra, também foi muito popular.
Na época, vários jogadores de futebol fizeram comemorações com a dancinha do MC Bin Laden, incluindo Neymar.
A empresa americana EA Sports, que cria e vende a franquia de game com a licença da Federação Internacional de Futebol (Fifa), incluiu a dancinha como opção de comemoração de gol dos jogadores.
A ação contra a EA Sports
No dia 15 de junho de 2022, MC Bin Laden (nome artístico de Jeferson Cristian dos Santos de Lima) entrou com a ação contra a EA Sports no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).
Ele pede R$ 60 mil por danos morais e R$ 60 mil por danos materiais pelo uso da dança criado por ele sem autorização.
MC Bin Laden não é o único brasileiro que processa empresas de games por uso indevido de imagem. Há mais de mil ações de jogadores de futebol pedindo indenização após figurarem em jogos de empresas americanas e japonesas.
Em dezembro de 2021, Paulo de Tarso Sanseverino, ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) suspendeu todos estes processos no Brasil. Ele tenta unificar os entendimentos e dar um “tratamento isonômico” aos casos, para evitar um caos de decisões diferentes em tribunais pelo país.
Mesmo não sendo jogador, MC Bin Laden também teve seu processo contra a EA Sports suspenso até que o STJ libere o andamento deste tipo de ação.
O advogado Luis Felipe Cunha, que representa MC Bin Laden e vários jogadores nestas ações, aponta “uma tremenda injustiça, na medida em que a imagem de nossos clientes é utilizada sem qualquer contraprestação para geração de riqueza de algumas empresas do segmento”.
A saga de Bin Laden
MC Bin Laden também disse ao podcast g1 ouviu que chegou a pedir para entrar para o tráfico antes de virar cantor e que o clipe do hit “Tá tranquilo, tá favorável” foi feito com uma verba de R$ 100 do empresário.
O cantor que estourou em 2015 e hoje se tornou uma das maiores referências do funk brasileiro no mundo, em parcerias com Diplo, Skrillex, Gorillaz, e possível “feat.” com Charlie XCX, falou sobre seus altos e baixos.
Bin Laden processa game ‘Fifa’ por usar dança sem pagar – Ele diz que nunca ganhou nada pelo uso da dancinha de ‘Tá tranquilo, tá favorável’ na série de games Fifa, e agora entrou com processo.
MC Bin Laden diz que música com Gorillaz sai em fevereiro – Ele afirma que o grupo inglês já pediu autorização para o lançamento da gravação que fizeram juntos em maio.
MC Bin Laden: ‘Charli XCX vai cantar comigo um funk mandelão’ – Ele fala sobre as conversas com a cantora e diz que a ideia é fazer um remix e uma faixa de funk pesado com ela.
‘Eu quase entrei pro tráfico, eu queria entrar…’ – Bin Laden lembra do início da carreira, como MC JK, e diz que foi salvo do tráfico por amigos que viram que ele tinha talento para a música.
“Tinha tênis furado, não dava para ostentar” – Ele foi contra a onda do funk ostentação em 2011 e apostou em um estilo proibidão com uma levada única e logo se destacou.
O nome Bin Laden: ‘Fumei vários e vi um filme’ – O cantor explica a escolha do nome artístico após ter visto um documentário sobre o líder terrorista, e diz que hoje pensa em mudar o nome.
‘Tinha R$ 100 para o clipe de ‘Tá tranquilo, tá favorável” – Ele conta que o empresário deu apenas R$ 100 para ele gravar o clipe que se tornou um hit nacional e um marco no funk.
A época da KL produtora: “A gente era alucinado” – Bin Laden lembra das criações na produtora paulistana KL, junto com futuros astros do funk como Brinquedo, Pikachu, 2K e Kevinho.
Fiz clipes no Egito que Kondzilla não lançou – Ele lembra uma viagem surreal que fez ao Egito e diz que fez clipes lá que nunca foram lançados após ele se desentender com o diretor Kondzilla.
“Lá fora eu era mais valorizado que aqui” – Ele fala sobre a busca por seus shows no exterior, o prestígio que conseguiu fora do Brasil, e a frustração que tinha por não ter o mesmo aqui.
“Pensei em tirar minha própria vida” – O cantor fala sobre um período de depressão que viveu, e conta que conseguiu forças na família e na religião e hoje se recuperou.
“O Lula pode entender melhor o funk” – O cantor com moral no pop gringo diz que o funk deve ser valorizado no país e que o novo governo tem potencial para entender o valor do movimento.
