O governo Lula tentou intervir, mas não conseguiu resolver o conflito agrário no sul da Bahia que envolve o Movimento dos Sem Terra (MST) e a empresa de celulose Suzano. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, reuniu representantes da empresa e do movimento na quarta-feira, 8.
Ao fim do encontro, o petista disse apenas que a pasta retomou o diálogo entre as partes e estabelecerá uma “mesa de negociações”. Um novo encontro será realizado apenas no dia 28 deste mês. “Foi retomado o diálogo. Esse diálogo aconteceu até 2016 e foi interrompido. Hoje ele foi retomado e nós termos uma mesa de negociação”, disse Teixeira.
“Queremos reafirmar os termos do acordo feito em 2011 e atualizado em 2015. Evidentemente, agora ele precisa ser atualizado”, prosseguiu. Questionado, o ministro não explicou por que o acerto foi interrompido.
As partes firmaram um acordo em 2011 que previa, entre outras medidas, a compra de parte das terras em disputa pelo Incra para assentar as famílias do movimento. As empresas envolvidas no conflito — incorporadas pela Suzano — cederiam outra parte.
O primeiro assentamento fruto desse acordo foi instalado em 2015. Mas, ainda durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o Incra deixou de dar a contrapartida para a aquisição de novas áreas. De acordo com o MST, 450 famílias ficaram sem receber o lote de 10 hectares.
“Todos nós vamos trabalhar pelo cumprimento daquele acordo. Queremos uma relação de diálogo para solução dos eventuais conflitos”, disse Teixeira. “O respeito ao direito de propriedade será uma tônica desses atores aqui. A Suzano reconhece as obrigações assumidas naqueles acordos e agora vai discutir os modos e os meios de execução, juntamente com o governo federal”, completou.
A Suzano estabeleceu como condição para o início do diálogo a reintegração das terras invadidas pelo MST. Nesta terça, 7, a Polícia Militar da Bahia deu início ao despejo dos sem-terra. Não houve conflito. A retomada das invasões — inclusive em áreas produtivas — se tornou uma preocupação para o setor agrário. As ações contrariam o discurso de Lula durante campanha, que chegou a dizer que o MST não entrava em propriedades produtivas.