Quem foi e como foi o trabalho do último técnico que dividiu emprego na seleção brasileira com clube?

Marcelo Goncalves/Fluminense Football Club

Fernando Diniz, técnico do Fluminense

Com a oficialização de Fernando Diniz como técnico interino da seleção brasileira por um ano, enquanto a CBF espera o fim do contrato de Carlo Ancelotti com o Real Madrid, a equipe nacional voltará a dividir um treinador com um clube pela primeira vez no século.

Acostumada a ter comandos exclusivos, como aconteceu na maioria das vezes em sua vitoriosa história, a seleção não tinha um técnico “compartilhado” desde 2000, quando o ex-goleiro Emerson Leão, à época no Sport, sucedeu o demitido Vanderlei Luxemburgo – que, curiosamente, também iniciou sua trajetória no Brasil dividindo o trabalho com o Corinthians.

Leão foi anunciado pela CBF em 19 de outubro de 2000, três semanas após Luxemburgo ser desligado pela vexatória eliminação nos Jogos Olímpicos de Sidney, ao perder para Camarões mesmo com dois jogadores a mais durante boa parte do confronto.

Ex-goleiro com quatro Copas do Mundo no currículo (1970, 1974, 1978 e 1986), Leão não foi a primeira opção do então presidente Ricardo Teixeira, que só o buscou após as recusas de Luiz Felipe Scolari, Carlos Alberto Parreira e Oswaldo Oliveira. Seu belo trabalho no Sport, que fazia grande campanha na Copa João Havelange (o Campeonato Brasileiro da época), pesou a favor.

Ficou combinado com o então coordenador Antônio Lopes que Leão seguiria à frente do Sport até o fim da campanha na competição nacional e depois seria exclusivo da seleção. E foi nessa condição que o técnico estreou em 15 de novembro de 2000, com vitória por 1 a 0 sobre a Colômbia, no Morumbi, pelas eliminatórias do Mundial de 2002.

Leão, por sinal, não ficou no banco de reservas neste dia, por cumprir suspensão automática imposta pelo STJD. Das tribunas, ele orientou o treinador de goleiros Pedro Santilli e viu a seleção vencer com gol nos minutos finais, feito pelo zagueiro Roque Júnior. Este jogo, inclusive, marcou a única vez em que Rogério Ceni cobrou uma falta com a camisa do Brasil.

O trabalho de Emerson Leão no Sport continuou até 3 de dezembro, quando os pernambucanos caíram para o Grêmio, de Ronaldinho Gaúcho, nas quartas de final do Brasileiro. A partir do dia seguinte, o ex-goleiro assumiu a seleção de forma definitiva, em uma passagem que deixou mais mágoas que saudade.

Leão dirigiu o Brasil em apenas dez jogos (quatro vitórias, três empates e três derrotas), o suficiente para a direção da CBF demiti-lo após tropeços contra Equador e Peru nas eliminatórias e o quarto lugar na extinta Copa das Confederações em 2001. Para o seu lugar, veio Felipão, que, todos sabem, levou o país ao título mundial em 2002, no Japão.

Antes, foi a vez de Luxa

Dois anos antes de Leão viver essa experiência, a CBF também topou dividir Vanderlei Luxemburgo com o Corinthians por seis meses.

Visto por muitos como o melhor treinador do futebol brasileiro da época, sobretudo pelo sucesso de seus trabalhos pelo Palmeiras entre 1993 e 1996, Luxa compartilhou seleção e Corinthians até o fim da temporada de 1998.

Foram três jogos em que Luxemburgo dirigiu o Brasil dessa forma: empate por 1 a 1 com a Iugoslávia, em São Luis, e depois vitórias por 5 a 1 sobre Equador, em Washington (Estados Unidos), e Rússia, em Fortaleza.

Nessas partidas, Luxa chegou a convocar alguns de seus comandados no Timão, como o volante Vampeta e o meia Marcelinho Carioca, responsável pelo primeiro gol do novo trabalho da seleção e pivô de um desentendimento que o afastou da equipe nacional e, mais tarde, do clube.

Por atos de indisciplina e desavenças com o treinador, o Pé de Anjo ficou 19 dias afastado do Corinthians em meio à disputa da fase final do Brasileirão que, na época, era disputado em formato de playoffs a partir das quartas de final.

Luxemburgo e Marcelinho fizeram as pazes a tempo do Corinthians confirmar o título brasileiro, após passar por Grêmio, Santos e Cruzeiro nas fases finais. Assim, encerrou-se a primeira passagem do técnico pelo time do Parque São Jorge – para onde, curiosamente, voltou em 2023.

O técnico iniciou o trabalho exclusivo na seleção em janeiro de 1999 e ficou no cargo até setembro de 2000, período em que foi campeão da Copa América e vice da Copa das Confederações, ambas em 1999, e também conquistou o Pré-Olímpico em 2000.

Já o Corinthians seguiu sua vida sem Luxemburgo com Oswaldo de Oliveira, auxiliar do antigo treinador e que ganhou a chance de assumir como efetivo. Após um começo turbulento, em que chegou até a voltar para o cargo de assistente, Oswaldo levou o Timão aos títulos do Paulista e do Brasileiro de 1999 e também do Mundial em 2000.

Fonte: ESPN

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