Após superar bloqueio físico e mental, BH volta ao alto nível no Fla e vira reforço

Recuperação teve idas e vindas e preocupação do clube em não acelerar processos, apesar de retorno ter acontecido antes do prazo, e superar estatística negativa para lesões do tipo

Flamengo

São três gols marcados, o último deles decisivo. Em seis partidas desde que voltou de vez da grave lesão no joelho direito, Bruno Henrique passou a fazer a diferença. Mas isso só foi possível em função de um trabalho de recuperação que o Flamengo e o jogador fizeram para que o atacante readquirisse a confiança aos poucos, e superasse uma estatística que jogava contra. Apenas 20% dos atletas que sofrem lesões multiligamentares no joelho conseguem voltar em alto nível.

As dúvidas sobre o futuro da carreira não eram só dos torcedores, eram também de Bruno Henrique. Quando voltou a jogar este ano, dez meses após a lesão sofrida no dia 15 de junho de 2022, o jogador deu claros sinais de que precisaria ir passo a passo. O retorno o levou a sentir dores musculares e um bloqueio emocional que fez o Flamengo a recuar no tratamento para que o jogador pudesse readquirir a confiança de maneira gradativa.

Médicos, fisioterapeutas e preparadores físicos do clube passaram a atentar para a questão neuromuscular, mental, para que o jogador pudesse voltar ao ritmo de jogo que sempre teve sem forçar os movimentos nem criar expectativas demais. Fazia parte do processo. Primeiro, Bruno Henrique recebeu alta médica. O que dava a impressão de que estaria pronto para jogar. Isso aconteceu no início de março. Ou seja, só quatro meses depois o atacante começa a dar sinais de que está pronto.

O processo consiste em vencer cada uma das barreiras físicas e emocionais. Não bastava estar liberado para voltar a treinar, o que só aconteceu quando o joelho apresentou estabilidade. Era necessário jogar novamente em alta performance, o que é muito diferente. Portanto, Bruno Henrique passou a perseguir, primeiro nos treinos, os índices que assombraram o Brasil e o mundo desde 2019. E conseguiu se aproximar.

Nos dados do GPS bateu 33 km/h de velocidade. Seu recorde é 38 km/h. Nos últimos jogos, além da velocidade, demonstrou maior mobilidade. E consequentemente mais confiança nas ações, o que levou a uma evolução também técnica de seu jogo. O ambiente do Maracanã, do vestiário do Flamengo, onde é muito querido, e o apoio dos familiares foram apontados como fatores determinantes para a volta por cima. No meio do processo, Bruno Henrique tatuou a palavra “suporta” e o símbolo do infinito no joelho da lesão.

O Flamengo comemora o fato de ter recuperado o jogador não em um ano e meio, mas em dez meses, média bem abaixo do esperado. Quando retornou em abril, Bruno Henrique fez alguns jogos espaçados. O trabalho consistia em recolocar o jogador em atividade de maneira gradual, sem exigência de que desempenhasse seu melhor. Como o time vivia momento conturbado, após a perda do título estadual para o Fluminense, Bruno Henrique não era visto ainda como solução internamente. Isso mudou.

O duelo contra o Aucas, pela fase de grupos da Libertadores, marcou o primeiro jogo de Bruno Henrique como titular depois da lesão. Só que até agora ele não atuou por noventa minutos em nenhuma partida, o que deverá acontecer em breve. Contra o Athletico-PR, no jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil, Bruno Henrique começou na reserva. Quando o jogo estava complicado, teve o nome chamado pela torcida no Maracanã. Entrou e resolveu.

Agora, o próximo passo é testar o poder de decisão conforme as competições se afunilarem. Eleito o craque da Libertadores em 2019, o atacante que cunhou a expressão outro patamar para se referir ao Flamengo se aproxima do seu melhor momento. Mas está cedo. São apenas 11 jogos em 2023. Aos 32 anos, o clube pretende acompanhar a evolução de Bruno Henrique para lhe fazer uma proposta de renovação. O contrato atual vai até dezembro.

Ontem, o Flamengo apresentou o goleiro argentino Rossi. Já chegaram também Allan e Luiz Araújo, este foi até a campo quarta-feira. De todos os que vieram e os que estão por vir, nenhum tem a identificação e a força que Bruno Henrique tem.

— A gente na hora certa vai conversar com ele, nos interessa, é de casa, sempre nos ajudou, continua nos ajudando, e a gente acredita que não vai ter nenhum problema para que ele continue — tranquilizou o vice de futebol do Flamengo, Marcos Braz, em coletiva.

 

Fonte: Extra Online

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