Julgamento do bombeiro que atirou em atendente do McDonald’s começa nesta quinta

Mateus Domingues Carvalho, de 21 anos, foi atingido na barriga e levado para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca — Foto: Reprodução/ TV Globo

O julgamento do sargento do Corpo de Bombeiros Paulo César Albuquerque, acusado de atirar contra um atendente do McDonald’s, em maio de 2022, terá início nesta quinta-feira (27), às 14h30, no Tribunal do Juri do Rio de Janeiro, no Centro.

O juiz Gustavo Kalil, da 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), vai conduzir o julgamento que avalia se o bombeiro é culpado ou inocente pela acusação de homicídio tentado, que tem pena de até 20 anos de prisão.

O caso aconteceu em maio de 2022, quando Paulo César atirou em Mateus Domingos Carvalho, que trabalhava na lanchonete da Taquara, na Zona Oeste do Rio.

Na ocasião, o desentendimento entre eles começou após Paulo César exigir do atendente um desconto de R$ 4 em seu pedido. Segundo a vítima e outras testemunhas, o cliente estava no drive-thru da loja e queria adicionar um cupom promocional depois que o pedido já tinha sido fechado. Mateus teria informado que não seria possível.

Nesse momento, Paulo César se irritou, quebrou a proteção de acrílico e deu um soco em Mateus, que revidou a agressão. Imagens das câmeras de segurança do estabelecimento mostram quando o sargento entra na loja com uma arma na mão, vai até a área de trabalho da lanchonete e, segundo testemunhas, atira no rapaz. O militar sai e Mateus fica caído no chão e é amparado por um colega.

A bala atingiu o rim esquerdo e o intestino grosso de Mateus, que sobreviveu, mas precisou passar por cirurgias e ainda sofre com as sequelas do crime.

Após ser baleado, Mateus ficou dez dias internado, quando passou pela primeira cirurgia, perdeu o rim esquerdo e teve ferimentos no intestino. Dois meses após o crime, o trabalhador passou por uma nova cirurgia, dessa vez com o objetivo de retirar a bala que ainda estava em seu corpo e reverter o procedimento de colostomia.

O sargento que agrediu e atirou contra Mateus teve sua prisão decretada no dia 20 de maio do ano passado e desde então está em uma unidade prisional do Corpo de Bombeiros.

Teoria do tiro acidental
À polícia, na época do crime, o agressor disse que o tiro foi dado de forma acidental. Na ocasião, durante o depoimento de Paulo Cesar à Polícia Civil, ele justificou o disparo por conta do consumo de bebida alcoólica, remédios controlados, problemas na vida pessoal e por ter sofrido uma ofensa homofóbica por parte de Mateus.

Segundo o relato do sargento, Mateus teria o tratado de forma debochada, antes da confusão começar.

“(…) O atendente perguntou ao declarante o porquê estava histérico, em seguida disse que sabia sim o porquê, já que um gay reconhece o outro, em meio a caras e bocas”, dizia parte do depoimento assinado por Paulo César.
O sargento também contou na delegacia que, antes do disparo, já dentro da cozinha da lanchonete, ele teria empurrado Mateus, que revidou com um soco em sua boca. De acordo com Paulo Cesar, “no momento em que o declarante (bombeiro) recebeu o golpe na boca, como estava com a arma na mão, teve uma reação de apertar o gatilho, de forma acidental”.

No documento entregue à autoridade policial, o sargento afirmou que “havia feito uso de bebida alcoólica, uma dose de whisky (…) que estava passando por um momento muito difícil, em virtude de sua separação, e que estava fazendo uso de remédios psicotrópicos”.

Apesar dos argumentos para justificar um possível disparo acidental contra Mateus, um amigo do sargento negou a versão: Carlos Felipe da Silva Brasil aparece de camisa laranja nas imagens e foi à lanchonete junto com o bombeiro acusado pelo crime. Em depoimento, ele disse que o tiro não foi acidental.

Em seu depoimento à Justiça, Carlos Felipe contou que a briga entre Paulo e Mateus teve início por conta de um cupom de desconto. No relato, ele diz que Mateus foi “ríspido” ao responder o bombeiro sobre o procedimento correto para a validação do cupom de desconto. Ainda segundo ele, os dois continuaram a briga do lado de dentro da loja, quando o bombeiro sacou sua arma e atirou.

Fonte: g1

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