Prefeito é cassado por distribuir cestas, dinheiro e até viagens para idosos em troca de votos em São Luiz, em Roraima

Ação do Ministério Público Eleitoral cita série de atos do prefeito James Batista (SD) que caracterizaram abuso de poder econômico para que ele fosse reeleito em 2020. Decisão cabe recurso.

Reprodução

Prefeito de São Luiz, Roraima, James Batista (SD)

O prefeito de São Luiz, município ao Sul de Roraima, James Batista (SD), teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR) por abuso de poder econômico em troca de votos nas eleições municipais de 2020. A decisão cabe recurso. Com isso, ele permanece no cargo até a decisão superior.

Entre as acusações contra ele estão a distribuição de cestas básicas, de dinheiro e de viagens para idosos que faziam parte de um projeto social do município. Os passeios, com tudo pago e usando a imagem pessoal de James, foram para Presidente Figueiredo, no Amazonas, Tepequém, em Roraima, e Alter do Chão – o Caribe Brasileiro, no Pará.

A decisão de cassação é do juiz eleitoral Marcelo Batatistela Moreira, da 4ª zona eleitoral de São Luiz.

Procurado, o prefeito James disse à Rede Amazônica na noite dessa segunda-feira (11) que recebeu a notícia “com surpresa” e que vai recorrer à decisão.

“Vamos recorrer e utilizar os meios jurídicos necessários para mostrar que houve uma decisão equivocada. Respeitamos a decisão que foi tomada, mas não concordamos com ela. Sabemos que é uma decisão equivocada que será revertida, pois vamos comprovar que nenhum crime foi cometido neste caso”, disse.

A cassação é resultado de uma ação da Polícia Federal que apreendeu R$ 40 mil que seriam usados para compra de votos durante as eleições de 2020 – a apreensão foi no domingo de eleição. No dia, a PF encontrou dinheiro escondido embalagens de absorventes femininos. Além disso, James quebrou o próprio celular e chegou a mentir para os policiais dizendo que estava sem aparelho havia três dias.

Antes do R$ 40 mil, foram apreendidos R$ 33 mil em uma caminhonete em frente à praça da cidade. Pra o juiz, o montante “aliado às listas de eleitores (mais de 200 nomes e seções eleitorais), comprovam a compra de votos às vésperas da eleição/2020, somando mais de R$ 73 mil em dinheiro em espécie ainda a ser distribuído [aos eleitores]”.

Além disso, o Ministério Público Eleitoral acusou o prefeito de usar um projeto social para idosos no município para “para fins de captação de votos, organizando-se grupos da terceira idade para viagens/passeios patrocinados pelo representado ‘James’.” À época, um grupo de idosos foi levado para Alter do Chão, no Pará, conhecido como o “Caribe Brasileiro”.

Alter do Chão: reviva uma grande aventura no chamado Caribe Brasileiro
“Deveras, é inconteste que tal programa/ação/projeto social, pese representar aos idosos uma recreação/lazer e, por sua vez, um sonho realizado, afigura-se transvestido de interesses obscuros e pessoais voltados à reeleição, em flagrante violação à Lei eleitoral de regência, configurando a quebra da isonomia da disputa eleitoral”, pontuou o juiz em trecho da decisão.

Na decisão, o juiz declarou James Batista, o vice-prefeito, Francisco Servolo Barbosa , inelegíveis por anos, e dois servidores municipais inelegíveis por oito anos, e cassou os mandatos e os diplomas do prefeito e vice.

“É sobre essa realidade que incidiu o decisivo aporte de recursos, pela distribuição de dinheiro pelas ruas/praças do Município de São Luiz; de cestas básicas às comunidades e população local; e na medida em que o representado, à época candidato à reeleição no cargo de prefeito, explicitamente, se valeu da condição de prefeito local, personalizando o projeto social da Prefeitura, envolvendo grupo numeroso da terceira idade, a fim de obter vantagem eleitoral”, pontuou o juiz, acrescentando que:

“Observa-se com nitidez que a pretensão eleitoral e a campanha do representado imiscuiu-se indevidamente no projeto social, cujas condutas, somadas, caracterizam o abuso de poder econômico.”

Na ação judicial, a defesa do prefeito alegou que não procedem as acusações do Ministério Público Eleitoral, já que os documentos usados como provas “não são capazes de provar a prática abuso de poder econômico, de autoridade e político, arrecadação e gastos ilícitos de campanha e captação ilícita”.

James Batista está no segundo mandato consecutivo. Ele foi reeleito com 66,31% dos votos – 2.925 votos no total. Ano passado, o prefeito de envolveu em uma polêmica ao contratar um show do Gusttavo Lima por R$ 800 mil sem que a cidade tivesse estrutura. A apresentação foi cancelada pela Justiça.

Este ano, em agosto, o Ministério Público de Roraima abriu investigação contra a primeira-dama do município de São Luiz, Paula Florintino, por suspeita de receber sem trabalhar na Assembleia Legislativa de Roraima.

Fonte: g1

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