Após polêmica em humanas, 2º dia de Enem volta a citar agronegócio e trata ainda de TPM, vacina e mais; veja o que caiu

Perguntas cobravam possíveis impactos negativos do agronegócio, como uso de pesticidas. Professores explicam que, por causa do método de correção (TRI), é importante garantir os acertos das perguntas mais fáceis.

A prova de ciências da natureza do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023, aplicada neste domingo (12), tem quatro questões sobre consequências negativas do agronegócio (como o uso de pesticidas e o desmatamento) — uma semana após o tema ter aparecido em perguntas de Ciências Humanas, no 1º domingo de Enem, e causado protestos da “bancada do agro”.

📈Contexto: No último domingo (5), deputados ligados ao agronegócio criticaram a “ideologização do Enem” no governo Lula e a escolha de perguntas consideradas por eles como enviesadas e contrárias às práticas capitalistas no campo. O presidente da FPA e deputado federal do PP, Pedro Lupión, pediu que o ministro da Educação, Camilo Santana, falasse a respeito “da falta de honestidade intelectual”.

🔈Postura do Inep: A bancada do agro pediu a anulação de três perguntas da prova de humanas do Enem 2023: uma sobre a exploração do Cerrado e os prejuízos do agronegócio para os camponeses, outra acerca do desmatamento da Amazônia no cultivo da soja, e uma última a respeito da exploração espacial. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) afirmou que os candidatos tinham apenas de interpretar os textos e responder às questões, sem necessariamente concordar com o que os autores dos trechos escreveram.

Prova também teve perguntas sobre TPM, álcool e Síndrome de Down
Neste 2º domingo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023, os candidatos têm de responder a 45 perguntas de matemática e a outras 45 de física, química e biologia — tudo isso em apenas 5 horas.

Entre os temas abordados na prova, estão:

  • geometria espacial, com cones e cilindros;
  • grandezas proporcionais;
  • escala e distância;
  • matemática financeira, com juros e porcentagem;
  • casal com Síndrome de Down querendo ter filhos;
  • vacina de RNAm da Covid-19;
  • leishmaniose;
  • funcionamento das usinas nucleares de Chernobyl e Fukushima;
  • sorteio de candidatos em colégio (probabilidade);
  • esquema de delivery;
  • tirinha do Cebolinha com Cascão fazendo telefone improvisado;
  • causa hormonal da tensão pré-menstrual (TPM);
  • efeitos de álcool no organismo e tempo para metabolizá-lo;
  • agronegócio (mais uma vez), em uso de pesticidas e impacto deles para a ecologia;
  • desmatamento;
  • fertilização in vitro;
  • fogão de indução e forma de aquecer panela;
  • ciclo do nitrogênio;
  • diminuição do número de abelhas;
  • amadurecimento de abacates;
  • tubos polínicos.

Nível de dificuldade: matemática cansativa, química fácil e biologia com pergunta desafiadora

Matemática

“A prova de matemática estava muito cansativa, com gráficos e textos que, só de olhar, já davam um cansaço no candidato. Mas nada que tenha fugido do padrão: foram questões bem conteudistas”, afirma Gabriela Maretti, do Descomplica.

Para Monique Covi, professora de Matemática do Cursinho da Poli, a prova da disciplina foi previsível e sem grandes surpresas.

Ciências da Natureza

“A parte de ciências da natureza estava dentro do esperado, com dificuldade leve. Muito tradicional”, diz o professor Caê Lavor, do SAS Educação. “Mas, diferentemente da prova do domingo passado, as questões eram menos atuais, com textos anteriores a 2015.”

Para Daniel Balbinot, coordenador pedagógico do Poliedro, outro destaque da prova foi a aplicação de itens interdisciplinares, que abordavam mais de uma disciplina ao mesmo tempo.

“Uma questão envolvia produção energética em relação a produções nucleares, o que caracteriza como química e física. Além disso, outra questão sobre um componente agrícola e sua absorção no corpo, que continha tanto a fórmula molecular do componente, como a ideia de onde estaria essa absorção no corpo. Então houve certa interdisciplinaridade nessas questões”, diz.

1- Química: A prova estava bem distribuída e cobrou três braços da química, que são química geral, físico-química e química orgânica, afirmam os docentes ouvidos pelo g1.

“As perguntas de química exigiam poucos cálculos, com resolução mais direta. Estava fácil”, complementa Caê.

O professor Virgílio Augusto de Aveiro, professor de Química da Escola SEB Lafaiete, destacou que o Enem não trouxe questões sobre eletroquímica e termoquímica, assuntos que foram cobrados em anos anteriores. No entanto, ele notou um assunto “inovador”, que foi o estudo com gases, algo não muito comum no exame.

2- Biologia: Segundo Hilton Ramalho, professor de Biologia do Colégio e Curso AZ, o destaque das questões de biologia foi um item sobre respiração celular, que cobrava um conhecimento mais aprofundado.

“Avalio a dificuldade das questões para o aluno de média para difícil”, afirma Fernando Roma, professor de Biologia da Escola SEB Lafaiete.

Samantha Fechio, professora de Biologia do Sistema Positivo de Ensino, diz que a maior diferença de conteúdo foi a predominância de questões sobre citologia, enquanto nos anos anteriores predominaram questões de ecologia.

3- Física: Emerson Junior, que é professor de Física do Cursinho da Poli, sentiu falta de itens sobre ótica geométrica no Enem 2023. Apesar disso, ele considera que a prova foi bem equilibrada.

“Prova de nível médio, coerente e consistente com as dos últimos anos”, avalia.

Já Anderson Fernandes, professor da Escola SEB Lafaiete, achou que o nível de dificuldade da prova deste ano foi mais fácil do que a prova do ano anterior.

Fonte: g1

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