“Na sexta-feira anterior, dia 8, Israelle chegou em casa reclamando que três colegas a chamaram de ‘cabelo de bombril’. Em resposta, fizemos uma carta e eu pedi autorização à professora para que ela pudesse ler. Minha intenção era mostrar que o que aconteceu foi errado e não pode continuar acontecendo”, conta a mãe de Israelle, Thamara Santiago, que registrou a leitura da carta em um vídeo.
No vídeo, Israelle enaltece suas características naturais ao ler a carta, afirmando ter orgulho da sua cor e dos seus traços.
“Ao invés de brigar, eu quis dar o exemplo para que outras mães também tomem a atitude certa. Existem outras crianças que passam pela mesma situação da Israelle, ou até pior. Não podemos nos calar, mas temos que fazer a diferença”, continua Thamara.
Inclusão
Luciano Amorim, coordenador de Direitos Humanos e Cidadania da Secretaria Municipal de Educação (Semed), salienta a importância do combate ao bullying nas escolas no contexto atual, classificando-o como uma urgência.
“Sempre buscamos atuar da perspectiva do socioemocional, pensando ações de cuidado com a saúde mental dos estudantes e dos servidores. Também trabalhamos diretamente o combate ao racismo e, através dos nossos acompanhamentos técnico-pedagógicos, que nos proporcionam um diálogo permanente com a gestão das escolas, podemos auxiliar em situações como a da Israelle”, afirma.
O coordenador ainda relata que a Semed entrou em contato com a Escola Municipal Baltazar de Mendonça para realizar intervenções com a criança e a escola, esclarecendo que o racismo não é um caso isolado, tendo origem em questões estruturais e de reprodução.
“O caso de Israelle não é só o caso de Israelle. É o caso de inúmeras crianças que representam a maioria de nossas escolas e CMEIs, pretas e pardas. Que ocupam esses espaços, mas precisam de fortalecimento frente ao seu reconhecimento racial e sua identidade coletiva”, continua.
Silvia Vasconcelos, diretora da Escola Municipal Baltazar de Mendonça, destaca que a escola sempre trabalha a inclusão entre os alunos.
“Ano passado, realizamos projetos que tratavam especificamente do bullying e, em novembro, focamos no combate ao racismo. Este ano, o projeto ‘Valores’ trabalhará o respeito. A Semed também sempre nos apoia com as formações realizadas com nossos professores, que sempre abordam essas e outras temáticas relevantes ao ambiente escolar”, revela.
Ainda em março, a temática da inclusão foi abordada pela Semed durante a Jornada Pedagógica 2024, na mesa redonda “Caminhos curriculares para uma educação não-violenta”, idealizada pela Coordenação de Educação de Direitos Humanos e Cidadania da Semed, que tocou em questões como o combate ao racismo nas escolas, o respeito à pluralidade dos estudantes e o papel dos educadores na formação de uma escola inclusiva.