Após tiroteio com morte de jovem, universidade suspende aulas e declara luto; criança atingida está com bala alojada

Tiroteio deixa dois mortos no Centro de Seropédica — Foto: Arquivo pessoal

A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em Seropédica, anunciou a suspensão das atividades e das aulas nesta terça-feira (9), depois que, nesta segunda (8), uma troca de tiros envolvendo milicianos terminou com um estudante morto e duas crianças feridas. A Rural também declarou luto oficial de 3 dias.

“Em virtude dos gravíssimos acontecimentos ocorridos na tarde desta segunda-feira (8), decorrentes de um conflito armado entre organizações criminosas, que levaram ao trágico falecimento do discente Bernardo V. Paraiso, aluno de Ciências Biológicas da UFRRJ, a Administração Central decidiu pela suspensão de todas as atividades acadêmicas e administrativas presenciais no dia 9, (terça-feira), dos turnos diurno e noturno, no câmpus de Seropédica”, postou a Rural.

Irmãos baleados
Um casal de irmãos também foi atingido no tiroteio. Eles deram entrada no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias.

O menino, um bebê de 1 ano, foi alvejado no braço e na costela, mas não teve fraturas.

A menina, de 6 anos, foi baleada 2 vezes: um projétil ficou alojado na região cervical, e um outro entrou pelo ombro esquerdo e parou na região do tórax.

Testemunha quer sair de Seropédica
Em entrevista ao g1, um dos alunos da Rural contou que a violência vem aumentando nos últimos anos e que seu maior sonho é terminar seu curso e deixar Seropédica.

“Meu maior desejo hoje é ir embora daqui”, contou o estudante.

Segundo o universitário, na última semana, 4 tiroteios na cidade deixaram os moradores apavorados. O mais recente e cruel aconteceu nesta segunda-feira (8). A troca de tiros entre grupos rivais terminou com a morte do estudante Bernardo V. Paraiso, do curso de Ciências Biológicas da Rural. Nascido em Niterói, ele estava no último ano da faculdade.

“Eu sou de outro estado. Estou longe da minha família, cursando a faculdade que sempre sonhei, em um curso que queria, correndo atrás do que eu sempre almejei. Era para ser um sonho. Mas está se tornando um pesadelo”, comentou o estudante.

O tiroteio nesta segunda aconteceu no meio da tarde, no Centro de Seropédica, em uma região de grande circulação, com muitas lojas e restaurantes.

“Todo mundo anda por ali, pra pegar ônibus, fazer compras, ir na academia – eu mesmo faço aquele caminho todos os dias. Impossível não se imaginar naquela mesma situação”.

“Hoje definitivamente foi um terror. Estava saindo pra ir pra faculdade. O tiroteio começou bem perto de onde eu moro, voltei correndo para casa”, contou o estudante, que conhecia Bernardo da faculdade.

“A gente teve a perda do Bernardo. Dói muito, mesmo não tendo convivido com ele, a gente conhece, se vê pela faculdade. Estamos todos na mesma situação. Poderia ser qualquer um”, completou.

Cidade já foi segura, diz morador
Segundo o aluno da Rural, que mora em Seropédica há 10 anos, a região sempre foi vista como um local calmo e seguro, dentro da Baixada Fluminense. Contudo, o poder dos criminosos só vem aumentando ao longo dos anos.

Tiroteio deixa estudante morto e duas crianças baleadas no Centro de Seropédica

Para o estudante, a falta de segurança afeta a vida da maioria dos estudantes e moradores de Seropédica.

“A grande maioria dos alunos reside aqui no Centro de Seropédica. A gente se sente inseguro. Fica com medo de sair, evita circular a noite e depois do episódio de hoje até de dia”, comentou.

“Seropédica, apesar de tudo, em comparação com outras localidades da baixada ainda era vista como um lugar “seguro”. Mas isso acabou de uns anos para cá e só tá piorando”, reforçou.

O morador lembrou ainda que grupos criminosos chegam a circular pela cidade usando uniformes táticos e armas na mão.

“Do ano passado pra cá, ficou mais evidente. Com algum deles circulando em bares armados de fuzil, com uniforme tático e tudo mais. Aí o momento de lazer, não só do estudante como do morador também, não acontece mais”.

“Tá um cenário de guerra”, completou.

Fonte: g1

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