Falsa médica confessa que não tem diploma e deverá responder também por estelionato

Mulher que se apresentava com nutróloga enganou a família que custeou estudos no Rio Grande do Sul e montagem de consultório em Maceió

A Polícia Civil de Alagoas, através da delegada Luci Mônica, do 2º Distrito Policial, confirmou nesta segunda-feira, 06, que a falsa médica, denunciada no início do mês de Abril pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de Alagoas (Cremal) por exercício ilegal da Medicina, deverá responder também pelo crime de estelionato.

Acontece que, na manhã de hoje, em novo depoimento, a mulher confessou pela primeira vez não possuir diploma de medicina e nem sequer ter passado no vestibular para o curso. Isto não a impediu, contudo, de abrir um um consultório num prédio comercial no bairro da Jatiúca, onde atuava como nutróloga.

Sede do Conselho Regional de Medicina de Alagoas. Créditos: Assessoria

Em entrevista à TVPajuçara, a delegada explicou ainda que em 2007, H.O. (como está sendo identificada) contou a família que havia passado em dois vestibulares no estado do Rio Grande do Sul – na Universidade Federal e em uma faculdade particular – e convenceu os parentes a custearem sua subsistência durante o período em que teoricamente estaria estudando.

Passado seis anos, a mulher voltou para Maceió, dizendo-se já formada, e, novamente, a família se uniu para montar um consultório médico para que ela pudesse atuar em sua “profissão”.

A delegada continua explicando que ela teve dois consultórios no mesmo prédio empresarial de alto padrão. O primeiro em sociedade com uma dentista – que ainda deve ser ouvida pela polícia – mas que após um desentendimento, ela alugou uma sala sozinha e contratou uma recepcionista.

A funcionária ainda deve prestar esclarecimentos, mas já se disponibilizou a informar a lista de pacientes da falsa médica.

Leia também: Universidade e CFM negam existência de registro de falsa médica presa em Maceió

A respeito do número registro profissional usado por ela, a delegada contou que a suspeita explicou que fez uma pesquisa na internet por um número aleatório escolhido e como percebeu que não havia profissionais cadastrados no Rio Grande do Sul, passou a utilizá-lo como seu. Depois, acabou usando o mesmo registro como sendo vinculado ao conselho de Alagoas.

“Nós tínhamos intimado a mãe dela, e depois do depoimento, descobrimos que ela enganou até os familiares. A mãe então disse que ela viria na delegacia nesta segunda para depor, porque não dava mais para sustentar essa mentira. E aí hoje tudo que a falsa médica disse anteriormente foi desmentido por ela mesma”, disse a delegada.

Durante o período em que vivia a farsa, H.O. contou à delegada que ainda tentou fazer cursos de graduação em Farmácia e Nutrição, mas acabou desistindo, pois seu grande sonho era ser médica.

A falsa médica estava acompanhada pelo advogado que informou à delegada que a família deve encaminhar a suspeita para tratamento psiquiátrico, para entender como ela pôde passar tanto tempo vivendo esta mentira.

Outras pessoas ainda deverão ser intimadas para prestar esclarecimentos, como o marido da falsa médica e o médico que indicava pacientes para ela.

Lembre o caso

No dia 10 de Abril, uma falsa médica foi autuada após ser denunciada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de Alagoas (Cremal). Ela disse em depoimento que era registrada no Rio Grande do Sul. A acusada atendia em um empresarial no bairro da Jatiúca, em Maceió, na especialidade de médica nutróloga há mais de um ano.

A suspeita usava um registro do CRM do estado do Rio Grande do Sul e em seu consultório foram apreendidos receituários, carimbo e solicitações de exames.

Em 29 de Abril, o Conselho Federal de Medicina e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul negou a existência do registro apresentado pela falsa médica autuada.

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